segunda-feira, maio 23, 2005

Ainda do Volfrâmio

Figuras sociais novas, novas imagens e simbologias em que renasce súbita e fabulosa , a velha mira da riqueza fácil dos cartos, peludas, notas de quilo ou de conto que enchiam as carteiras e serviam para imediatisticamente aceder aos então sinais exteriores de riqueza - livros por grosso e lombada, canetas de tinta permanente para ostentar na lapela, gabardines para colocar no braço, colchões de suma-a-duas, melhores que os de suma-a-uma, andar a cavalo, nas deslocações aos prazeres e negócios citadinos, em carros e táxis alugados que começavam então a generalizar-se como meio de transporte público.

Novos ricos e excessos de todo o tipo no comércio do volfrâmio negócio da china, cujas somas fabulosas movimentadas terão permitido a uns poucos acumular fortunas escondidas, aos novos comerciantes remediar as suas vidas e melhorar a dos filhos, pela via dos estudos - uma nova geração, a dos "filhos do volfrãmio" - a muitos outros tendo deixado tão pobres como antes, assim justificando o velho aforismo de que água o deu água o levou. Nada deixando porém, como dantes:

"Já chamaram à nossa época, pelo muito que o fenómeno vincou o meio, época do volfrãmio. Quero crer que haja exagero de expoente. Entre nós, tal furunculose, com o dramático que comporta, deve antes representar uma das manifestações eruptivas da crise social que o mundo atravessa.Volfrâmio aqui, petróleo além, borracha acolá, há que integrá-los no substrato complexo e temeroso que engendrou a guerra."

Maria Otília Pereira Lage

A verdade é que em 1941, 1942 e 1943, à conta do volfrâmio, Portugal teve um saldo comercial positivo...

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