sexta-feira, abril 29, 2005

0,7 com qualidade

Nos anos 60, a ONU afirmou que se os países ricos contribuissem com 0,7% do seu PIB para ajudar os países pobres, em poucas décadas o fosso entre ricos e pobres desapareceria. Nos anos 90, um grande movimento popular em Espanha exigiu ao governo espanhol que chegasse a estes números, com "transparência e qualidade". Essas palavras não eram de circunstância, já que uma parte importante de ajuda para o desenvolvimento era gasta na compra de helicópteros militares para Angola ou na formação da polícia da Guatemala, uma das mais repressoras do mundo (hoje se calhar as despesas com o Iraque entram na categoria de "ajuda para o desenvolvimento). Além disso, as empresas espanholas recebiam subsídios à exportação que entravam nestas contas.

Hoje em Portugal, estamos ainda muito aquém dos 0,7 %, com a agravante de que 70% desse dinheiro fica em Portugal, na burocracia ou nas prestações de serviços, invertendo a justa proporção, que seria 30% em despesas e 70% em gastos efectivos no país destinatário, para a construção de escolas, implatanção de projectos agrícolas ou no saneamento básico. No nosso caso, a ajuda para o desenvolvimento carece claramente de qualidade...

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