No centro do debate sobre o aquecimento global, há um facto sobre o qual nenhum dos lados do debate gosta de falar: a noção de que já é tarde demais para prevenir o aquecimento global e a mudança climática por ele desencadeada.
O medo de que este discurso seja demasiado derrotista ou alarmista fez com que os ambientalistas não dissessem nada. Os políticos também não dizem nada, porque, se o fizessem teriam de actuar. No entanto, os cientistas que estudam esta questão vêm com urgência cada vez maior.
Desde 1988, o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (PIMC - associado ao Programa das Nações Unidas para o Ambiente) vem conduzindo a mais extensa colaboração científica da história. Mais de dois mil especialistas técnicos e científicos de todo o mundo trabalham no projecto, com cada estudo produzido sendo rigorosamente avaliado pelos seus pares.
No seu relatório de 2001, o PIMC anunciou que o aquecimento global causado pelo homem já tinha começado, muito antes do esperado. (...). Até agora, a maior parte da discussão pública sobre o aquecimento global está focada na prevenção. Algo que foi materializado a 16 de fevereiro com o Protocolo de Quioto.
Mas a prevenção não é suficiente. Não importa quantos carros verdes e painéis solares Quioto promova, já que o aquecimento global é inevitável. (...)
O problema com o protocolo de Quioto não está no facto de não ser suficiente a redução (prevista no acordo) de 5% na emissão de gases causadores do efeito estufa: o PIMC, por exemplo, reclama uma redução entre 50% a 70%. O problema é que Quioto age apenas sobre as emissões futuras. Não importa quão bem o protocolo funcione, ele não terá efeito sobre o gás já emitido pelo que o aquecimento global que já começou é inevitável.
Outras Palavras (artigo completo) por Mark Hertsgaard
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