Nós sabemos bem que os produtos não duram para sempre, eles deterioram-se ou tornam-se obsoletos, mas será pelos motivos que hoje se evocam?
Obsolescência surge quando um produto já não é percebido pelo utente como tendo valor, isto é, o produto já não é necessário, embora ainda esteja em boas condições de funcionamento. Este fenómeno de obsolescência ”sentida” não tem nada a ver com deterioração, que é o processo de desintegração ou degeneração. A diferença é que a obsolescência na sociedade actual decorre da percepção acerca da utilidade dum objecto, enquanto a deterioração é um processo físico. Os dois conceitos estão altamente relacionados, mas podemos ter obsolescência sem deterioração, e vice-versa.
O valor de um produto exprime-se em muitas dimensões, uma caneta pode ser usada para escrever e quando acabar a tinta ser inútil, mas a caneta oferecida pela namorada ou a recordação de família continua a ter valor sentimental após o uso, e não se deita fora. No outro extremo, um produto pode deixar de ser desejável, e é percebido como inútil, ainda que esteja em boas condições de funcionamento – a industria do vestuário, e da moda em geral, conhece muito bem este fenómeno.
Para alguns produtos é fácil ver que a Obsolescência Planeada é inevitável. Aceitar a natural Obsolescência devido à inovação é uma coisa; desenhar um produto deliberadamente para este ter um tempo de vida limitado, é uma estratégia que o consumidor geralmente desconhece e talvez não aceitasse tão bem. A Obsolescência Planeada enfraquece a ligação entre o cliente e o mercado , e torna-o menos confiante nas mensagens promocionais, mas é regularmente utilizada na nossa sociedade.
Silvia Oliveira / Carlos Aguiar
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