Muitos dos partidos e movimentos de esquerda fazem do liberalismo económico o seu maior inimigo. O neo-liberalismo é hoje diabolizado como o grande papão do século XXI, substituindo o capitalismo gasto do século passado. Parafraseando Luís Delgado, eu não sou economista, nem sociológo nem sequer estudioso da coisa liberal. Sou investigador a recibo verde, especializado nos mesteres da ecologia e das estatísticas, nada que me habilite a perceber alguma coisa do liberalismo ou outros ismos que grassam por aí. Mas no entanto tenho uma opinião:
Não vejo o Liberalismo como um mal por si só, mas apenas como uma ferramenta muito conveniente para manter os previlégios de uma minoria da população mundial. Ou seja, hoje o liberalismo cumpre os mesmos desígnios que os feudalismos e outros ismos de antanho. Quer dizer, às vezes, se der jeito; quando o liberalismo não serve, como é o caso gritante do proteccionismo agrícola e dos subsídios à exportação, então as elites deste planeta enfiam o liberalismo para debaixo do tapete, na esperança de que ninguém dê pela enorme falta de vergonha na cara. No recente anúncio da comissão Europeia que referia a possibilidade de acabar com o subsídio às exportações, até os Portugueses gritaram contra (CAP), que a baterraba deixava de ser lucrativa... mas é claro, já que os custos de produção da baterraba são 3 vezes superiores ao da cana do açúcar nos países tropicais: a baterraba é uma aberração que nunca deveria ter existido.
Se o livre comércio fôr acompanhado por uma justa redistribuição da riqueza, evitando que haja por exemplo 47% das crianças indianas subnutridas, então venha daí o Liberalismo! Já estou como o outro: não queremos acabar com os ricos, queremos é acabar com os pobres (quer dizer, entre os ricos, os podres de ricos são claramente dispensáveis).
O liberalismo é apenas uma ferramenta conveniente (nem sempre, mas muitas vezes) que ajuda a manter os ricos ricos e os pobres pobres. Mas se funcionasse globalmente sem entraves e com os estados a regular a redistribuição dos lucros, a tendência seria muito provavelente o abreviar do fosso entre ricos e pobres. E nesse caso, o Liberalismo poderia ser uma coisa boa. O que faz falta é transformar o liberalismo de hoje, essencialmente ao serviço das elites, num liberalismo ao serviço dos povos, numa espécie de socio-liberalismo.
No dia em que os partidos Portugueses comecem a defender o fim dos subsídios à exportação ou o proteccionismo económico, talvez comece a acreditar um bocadinho mais neles; até lá, fico-me pelas enormes indecisões e problemas existenciais sempre que as eleições se aproximam....
PS - Para um amigo nas antípodas (carapau liberal), ou talvez nem tanto....
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