O PS e o PCP fizeram ontem má figura na Assembleia da República. Resolveram criticar o ministro da economia por a gasolina e o gasóleo serem mais caras em Portugal do que em Espanha. (Podiam ter escolhido outro país europeu para a comparação. Os carburantes em Espanha são mais baratos, mas há outros países em que são mais
caros do que em Portugal. Enfim, cada um escolhe o termo de comparação que lhe convem.) Criticaram o governo por os impostos sobre os carburantes serem em Portugal excessivamente altos.
O PS e o PCP deveriam preocupar-se em proteger os pobres, como é obrigação de partidos de esquerda. Quem anda de automóvel não é pobre: no mínimo é remediado, em muitos casos é rico. Se quisessem defender os pobres nesta matéria, o PS e o PCP pediriam menores impostos sobre o gás vendido em botijas e sobre o gás natural para consumo doméstico - uma vez que toda a gente, mesmo os pobres, precisa de gás em casa para cozinhar e para aquecer a água com que se lava. Se quisessem defender os pobres, o PS e o PCP pediriam
menores impostos sobre o gasóleo consumido por transportadores rodoviários de mercadorias ou passageiros, compensado por uma subida no imposto sobre o gasóleo consumido por automóveis privados - pois que os pobres andam de transporte coletivo e consomem produtos transportados por estrada, mas não há razão para que os
automóveis privados a gasóleo beneficiem de carburante mais barato do que os automóveis privados a gasolina.
O PS e o PCP deviam preocupar-se em defender os pobres. Mas não: querem caçar votos noutros sítios. E fazem figura de partidos de direita. Rasca.
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Luís Lavoura
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