Se a sociedade moderna é tão “global”, por que se espalham tão rapidamente barreiras políticas e físicas ao deslocamento das populações? Quinze anos após a queda do Muro de Berlim, duas enormes muralhas ilustram a tendência do capitalismo à segregação. Uma separa os Estados Unidos do México, para evitar que legiões de pobres confluam ao país que mais concentra riquezas no planeta. Segundo estudos da Universidade de Houston, de 1994 até hoje mais de 2200 pessoas perderam a vida ao tentar transpô-la – quase três vezes mais mortes que em trinta anos, na Alemanha. A outra cerca visa consolidar a invasão e ocupação ilegais, por Israel, de parte do território palestino. Mas as paredes físicas são apenas ponta do iceberg. Multiplicam-se, além delas, barreiras legais e discriminações culturais contra os que fogem da miséria.
Os geógrafos Ricardo Castillo (Universidade de Campinas) e Ricardo Mendes Antas Junior (Universidade de Osasco-Unifieo) estudam há anos as várias formas de controlo dos territórios. Castillo teve como tema de seu doutorado na Universidade de Paris (Sorbonne) o uso de sistemas de informação para o controle do território brasileiro. Hoje, estuda movimentos de “integração” (como Nafta e ALCA). Volta os olhos em particular para o caráter mercantil destes processos, que permitem a livre circulação dos capitais e mercadorias, mas travam a dos seres humanos. Mendes, com doutoramento na USP e especialização na Sorbonne, tem acompanhado esse mesmo processo a partir de suas conexões com o Direito. No início de maio, ambos concederam, por correio eletrónico, a seguinte entrevista ao Planeta Porto Alegre.
Rafael Evangelista (continue a ler este artigo)
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