Má distribuição das terras
A questão fundiária e a injusta distribuição das terras são os pontos principais da luta pela terra e, conseqüentemente, pela Reforma Agrária. Na Guatemala, por exemplo, segundo um levantamento feito pela Plataforma Agrária (PA), 85% das terras cultiváveis estão no poder de apenas 1% da população, enquanto os restantes 14% das terras guatemaltecas pertencem a 96% da população. No meio destas percentagens, cerca de 500 mil famílias de camponeses vivem abaixo da limiar da pobreza.
Na Colômbia, a situação também não é das melhores e nunca foi, desde a colonização do país. Segundo a Via Campesina de Bogotá, entre 1984 e 1997, os proprietários de fazendas com mais de 500 hectares (representando 2% dos fazendeiros) passaram a possuir de 32% das terras para 45%.
Nesse país, a Lei de Reforma Agrária de 1994, ao invés de ajudar os agricultores, acabou por excluir grande parte do milhão de famílias sem-terra e de camponeses pobres, vitimados por um sistema de crédito fundiário que, até hoje, lhes deixou dívidas severas, a maioria delas impagáveis.
No Brasil, a concentração de terra fica nas mãos de 26 mil proprietários, que representam menos de 1% de um universo de 5 milhões de proprietários, salientam os dados do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Estes são, portanto, donos de 46% das terras brasileiras.
O resultado dessa concentração é que 5 milhões de famílias fazem parte do grupo dos Sem-Terra, denominação criada a partir do Movimento que, este ano, completou 20 anos de existência.
Na Bolívia, reverter a actual política fundiária também é a missão dos movimentos camponeses. Desde a década passada, indígenas vêm realizando marchas com o objetivo de pressionar o governo a devolver-lhes as terras ancestrais. Até o momento, só foi homologada uma pequena parte do montante das terras, enquanto a repressão é constante.
No México, a força insurgente do Movimento Zapatista surgiu, há 20 anos, com o objetivo de resolver o que foi iniciado com a Revolução Mexicana, em 1930: garantir o direito às terras comunais de todos os indígenas do país. A dívida que o Estado mexicano tem com os indígenas é histórica, data da independência do país, quando os indígenas, na sua maioria agricultores, viram os seus direitos às terras negados. Com a crise do café e a pouca terra disponível para a plantação de milho, os camponeses acabaram contribuir para as piores estatísticas do país.
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