Segunda-feira, 19 de Abril de 2004 (Publico on-line)
Vendo hoje as notícias, ficamos perplexos: a par de um crescente número de pessoas que vivem no limiar da pobreza, há outras que vivem no limiar do fausto. Os indicadores são preocupantes.
Todos os dias há uma fábrica que fecha e gente que fica com meios muito limitados de subsistência e ao mesmo tempo sabemos que não há quebras nas vendas de carros topo-de-gama, pelo contrário, e de que há lista de espera para alguns deles.
São os bilhetes VIP (180 euros) do Rock in Rio que já esgotaram e os milhares de pessoas neste país que nunca tiveram direito a férias.
São os estudantes que chegam à universidade em bons carros que têm direito a bolsa e os que apenas têm a sua inteligência e vontade (muitas vezes superiores) que têm de ficar cá fora porque simplesmente têm de trabalhar para subsistir.
São as leis e a contenção que atingem quem trabalha e a falta delas para quem não paga impostos e vive à custa dos outros.
É preciso pensar seriamente no modelo de desenvolvimento social e económico que seguimos.
Ficamos baralhados com as complexas teorias económicas defendidas por quase todos de que é preciso deixar funcionar o mercado e criar as condições para que a concorrência leve ao desenvolvimento, mas o que vemos na vida real é que isto só aproveita a alguns. Também há os que pensam que o Estado tem de resolver todos os problemas e tornar-se numa espécie de "Santa Casa" que tudo vai resolver com a "caridadezinha", mas a riqueza é criada pelas pessoas e não pelo Estado.
Nós por cá não temos as soluções, mas que é preciso fazer alguma coisa lá isso é. E alertar para estas situações de enormes desequilíbrios pode ser um começo.
João Vilaça
Sem comentários:
Enviar um comentário