quarta-feira, abril 28, 2004

Orquídea animal


Ophris speculum

As orquídeas do género Ophris têm o seu centro de distribuição na bacia do Mediterrâneo. Esta em concreto foi fotografada na Arrábida. Estas orquídeas são uma das milhares de provas vivas de que a evolução é um processo real. Neste caso, a estratégia de reprodução da ophris é de um requinte evolutivo delicioso. É que para espalhar os seus genes esta flor não oferece recompensas palpáveis, como pólen ou nectar. Não. A orquídea imita na perfeição a fêmea de um insecto (diferente para cada espécie de ophris), levando a que o insecto macho seja enganado, tentando copular febrilmente com a flor que encontrar. A imitação é extremamente bem conseguida, sendo uma cópia visual, tactual (ver os pelos desta espécie em particular) e mesmo olfactiva (a flor liberta um odor em tudo semelhante ao das fêmeas do insecto).

E tinha mesmo que ser perfeita, já que para que a orquídea seja efectivamente polinizada é necessário que o macho seja enganado uma segunda vez, visitando e tentando abarbatar-se a uma segunda planta. Ou a réplica é realmente perfeita ou então os abelhões são enganados voluntariamente, aproveitando-se destas bonecas insufláveis postas à sua disposição. O que é um facto é que estes insectos polinizam estas simpáticas flores há milhões de anos, sempre com a mesma paixão...

PS - há apenas um truque muito inteligente por parte da orquídea: quando florescem, as sua rivais insectas ainda não nasceram; por isso, as flores são a primeira coisa parecida com uma fêmea que os machos conhecem....

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