sexta-feira, abril 30, 2004

Mundos económico-sociais e tecnologia

Se observarmos o mundo tecnológico temos dois tipos de estruturas ou organizações: a estrutura da net que assenta numa base anárquica (apenas como oposição à hierárquica) de cliente/servidor mas onde no mundo caótico de redes modelos não deixa de haver uma ordem na rede de redes que é a internet. A questão está que entre servidores não há um grau hierárquico mas sim uma inteligência distribuida pela rede assente em pilhas de protocolos que funcionam como regras do modelo e de interfaces da rede IP com as outras redes. Uma delas é a própria rede fixa cujo modelo é o modelo hierárquico e cujos produtos são os próprios serviços hoje disponibilizados estando ainda de certo modo separado do modelo IP.

Actualmente, os modelos estão ainda distantes mas a tendência é a mistura de ambos os modelos com serviços conjuntos e distribuídos por todas as redes (convergência fixo móvel e voz dados) com os protocolos e as "inteligências" disseminadas pelas redes podendo-se chamar a isso uma inteligência global. Assim, poderemos escolher um único modelo? Poderemos escolher a net como único modelo tendo em conta os outros modelos/protocolos. Penso que não, que o ideal seria a criação de um modelo novo cujo protocolo assenta nas duas concepções (há os puristas do all IP).

Se tivermos em linha de conta que esta filosofia subjacente aos modelo enunciados assenta como se de um espelho da sociedade se tratasse pode-se pensar para a mesma um modelo anárquico de hierarquias (o próprio modelo familiar patriarcal é hierárquico - já se tentou destruir o núcleo familiar talvez por causa disso mesmo nos regimes comunistas) mas onde as cúpulas e grupos sociais se podem relacionar de forma anárquica com o espírito simbiótico de troca de produtos/serviços, onde o interior do grupo ou organização tem dois modelos puros a seguir ou um modelo misto.

Nisto mesmo se pode falar de uma revolução pois saímos de um modelo social estritamente hierárquico (temos o exemplo das colónias, ditaduras e da guerra convencional) para um modelo de troca de serviços/informação e de alguma gratuidade: a net no mundo inteiro e os regimes democráticos embora assentes no capitalismo são um bom exemplo. Podemos portanto falar de um confronto de modelos mas onde os conceitos se misturam cada vez mais, dando assim, origem a um novo modelo onde os protocolos não estão bem definidas (na tecnologia ainda assim é mais fácil).
Em conclusão, estamos a assistir ao nascimento de um mundo novo onde a tolerância e a esperança num mundo renovado, na minha opinião, são e serão a pedra de toque de todo o sistema económico/social.

Pedro Pereira

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