Fomos Convocados pelos Assassinados
Quando o ministro do interior Rajoy declarou à imprensa que a manifestação era ilegal e acusou o PSOE de a ter organizado, logo de imediato ouviu-se
um rugido colectivo: "Fomos convocados pelos assassinados" e depois "A voz popular não é ilegal".
Houve exaltação: "Como nos podem chamar ilegais, quando é o governo a mentir, a ocultar informação e a violar os mais elementares direitos, o direito à liberdade de expressão e o direito à informação"?
Na calle Génova não se via uma única bandeira de partidos políticos ou sindicatos. Apenas cartazes improvisados. As pessoas não cantavam, todos os gritos eram de dor e indignação.
O responsável pela polícia de intervenção disse à cadeia de televisão SER que não podiam dissolver a concentração pela força porque éramos mais de cinco mil, e não podia carregar contra uma multidão onde havia mulheres e crianças.
Cada vez que alguém se chegava à janela da sede todos gritavam "queremos a verdade". Eram já nove da noite a apesar do frio, ninguém desmobilizava.
Chegavam notícias de outras concentrações espontâneas em todas as cidades de Espanha. Circulava uma tarjeta que dizia apenas: À meia-noite nas Puertas del Sol. Passa a mensagem.
De repente, veio a mensagem da detenção de dois paquistaneses e três marroquinos, por alegada relação com os assassinos de Lavapiés. O
governo dizia uma coisa, os serviços de informação e segurança diziam outra.
Espanhóis residentes no estrangeiro telefonam e dizem que as cadeias televisivas anunciaram que Bush lamenta que o apoio de Espanha à sua
guerra contra o Iraque tenha trazido consequências para Madrid. Pelo seu lado, o governo de Aznar não o lamenta, e continua a ocultar toda a informação e apela à calma, insistindo que, na jornada de reflexão, o povo não pode sair à rua para se expressar.
Os gritos de protesto aumentam: Não vamos embora, mostra-te à janela, dá a cara pedia a multidão. Os protestos: "O PP é responsável, o PP é culpado.
Vocês, fascistas, são os terroristas! Pelas dez da noite as pessoas começam a deslocar-se para a Praça do Sol, invadindo as ruas sem autorização.
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