domingo, março 14, 2004

A paranoia do controle: Ficção ou Realidade?



Parece haver uma espécie de plano global para criar uma sociedade individualizada que me lembra a sociedade do futuro num dos primeiros filmes de George Lucas, THX 1138. Nesta sociedade, as pessoas vivem constantemente vigiadas num labirinto do qual não podem sair e são identificadas por um número de 4 dígitos , sendo o 0000 quem controla a sociedade. O nosso herói, o 1138 resolve escapar, sendo constantemente avisado, cada vez que comete uma infracção às regras absolutamente rigidas que controlam o comportamento social.

Já não falo no uso de um motor de busca, como o google ou a yahoo, que controla a cada momento aquilo que procuramos, usando depois essa informação estatistica, que é vendida para que as empresas percebam melhor o mercado e o que produzir. Já não há amostra do mercado, o que há, é o universo, nós os individuos, registados, ou não nos sites, é indiferente.

Há tempos, vi na net, um pequeno filme de demonstração de um sistema de localização feito a partir de um PDA, que permite ao utilizador desse PDA conhecer a posição de cada pessoa em cada momento dentro de um edifício. Não é ficção, é realidade.

Uma sugestão que dou, é que experimentarem um pequeno jogo. Peguem num bloco e num lápis e façam um tracinho por cada câmara de filmar que encontram durante um dia. Contem as câmaras de vigilância dos edifícios, a câmara do multibanco onde foram, as câmaras dos telemóveis, as webcams junto aos computadores, as câmaras digitais portáteis dos turistas, etc. E no fim do dia somem os tracinhos.

Todos conhecemos a tecnologia sem fios. Ela vem do tempo dos nossos avós: a rádio. Mas esquecemos, que os pequenos chips que transportamos no bolso, num telemóvel, por exemplo, processam informação. E claro, os telemóveis estão preparados para a transmitir à distância.

O programa que conhecemos, de uso diário para ver as mensagens, não deixa de ser isso mesmo, um programa, e portanto, um programador, pode reprogramar e executar funções no programa que não são aquelas que vêm por defeito. Desbloquear um telemóvel, é um bom exemplo de como isso pode ser conseguido de uma forma rápida.

Imaginem agora as potencialidades que aí vêm, ou seja aquilo que já existe e não é do domínio publico. Por exemplo, a tecnologia bluetooth permite-nos fazer interagir dispositivos entre si sem fios. Os headfones comunicam com o telemóvel, a máquina digital com a impressora, etc. Tudo isto numa rede ad-hoc. Ou seja numa rede criada no momento em que os dispositivos entram em proximidade, e começam instantaneamente a comunicar. Encaixem isso em grandes redes publicas, que hoje já proclamam vitória nos cartazes: “aqui há acesso publico de internet via rádio”.

Paralelamente, Bill Gates vem declarar o fim das passwords. Ou seja, as passwords já não são seguras, usemos todos por exemplo Smart Cards (vulgo cartões do tipo que usamos para as cabinas telefónicas)

Mas os sistemas biométricos já existem, estão a funcionar em muitos locais e são sem duvida, cada vez mais pequenos e baratos. Não faltará muito até que o teu computador venha equipado por defeito com um sistema de reconhecimento da tua impressão digital, só funcionando quando lhe encostas o dedo, ou por um sistema de reconhecimento óptico. Mas não é aqui que está o futuro, isso já é o presente para os mais abonados.

O futuro, já existe. É um sistema portátil de reconhecimento biométrico, ou seja, é o teu corpo. A tua presença fisica, localizada por gps. A rede que já o envolve, encarrega-se do resto.

A tua futura aparelhagem só funcionará se fores o dono do CD, não poderás emprestar livros a ninguém porque eles são apenas teus, e quando passarem de mãos por exemplo será que vai soar um alarme?

O que falta, e hoje está a ser desenvolvido e aprovado, lentamente, é o sistema legal que permitirá o uso de tecnologia que já existe e já usamos. Mas virá mais. Mais tecnologia de controle, monopolista, mais leis de controle individual.
Acreditem, não é ficção, é realidade. A tecnologia, já a temos em casa, na rua, espalhada por todo o lado.

Só faltam as leis. (ou não?) E com todo este controle como é que certas investigações demoram tanto tempo? Para mim é uma incógnita.

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