11 de Março e 11 de Setembro
Neste momento, saber que os terroristas atacaram mesmo aqui ao lado, matando mais de 200 pessoas, provoca-me reacções primárias, roçando os instintos animais da sobrevivência e do repúdio pela morte. Qualquer aproveitamento político do acontecimento, será sempre de uma baixeza alarve, sendo o luto uma razão para unir pessoas, independentemente do credo e da côr política. Depois do 11 de Setembro, os EUA encetaram uma política guerreira externamente, e internamente, aproveitaram o pretexto para malhar a torto e a direito em todos os que se opõem à política iluminada de Bush. E os direitos humanos foram sistematicamente violados, com prisões injustificadas, dificuldades postas aos imigrantes, controlo abusivo das pessoas, mais repressão, etc. etc. , sempre em nome de uma maior segurança, ideia cara à direita conservadora. E o desrespeito dos EUA relativamente às Nações Unidas e ao Tribunal Penal Internacional, demonstram que as regras que querem que todas cumpram não sejam aplicadas a eles próprios. Espero que o 11 de Março não tenha as mesmas consequências na Europa que o 11 de Setembro nos EUA.
Espiral de violência
E não será com guerras injustificadas que acabaremos com o terrorismo. Pelo contrário, estas guerras são o caldo de cultura onde os extremistas recrutam novos suicidas e fanáticos para as sua fileiras; e a espiral de violência vai-se alimentando mutuamente, com os ataques terroristas a justificarem guerras (na cabecinha dos falcões) e com as guerras a justificarem mais ataques terroristas (na cabecinha dos terroristas). A direita conservadora e o fundamentalismo islâmico esfregam as mãos; todos os restantes estamos condenados a ser candidatos a carne para canhão, numa guerra absurda, a que nos opomos, e que não faz qualquer sentido no mundo de hoje.
Angustia num Baile
Pela primeira vez, ao tocar num baile, cheguei a pensar que seria possível alguém deixar ali uma bomba, e em vez de risos e danças e cumplicidades haveria corpos mutilados, morte, sofrimento e destruição. O sentimento de revolta, impotência e raiva apoderaram-se de mim por momentos; porra, como é que estas merdas podem acontecer? como é que alguém pode eliminar friamente 200 seres humanos inocentes para defender o seu ponto de vista? como é que aqui chegamos? e mais importante ainda, como é que vamos daqui sair? Por isso, mais do que nunca, devemos gritar o nosso não à guerra e à violência terrorista. A única maneira de evitar a continuação da espiral de violência, é combatê-la e destrui-la. E é isso que no próxima dia 20 devemos fazer com toda a convicção, gritando bem alto o nosso não à guerra!
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