Que la pluma sea también una espada y que su filo corte el oscuro muro por el que habrá de colarse el mañana [Subcomandante Marcos]
sexta-feira, março 05, 2004
Alter-pescas
A pesca provoca anualmente a morte de 300.000 aves. O caso é tão grave que, por exemplo, das 22 espécies de albatrozes que se conhecem,17 estão ameaçadas de extinção devido às artes da pesca. Mas o pessoal gosta do peixito e lá vai pescando... Nestas coisas, como em quase tudo, o que é preciso é (1) assumir que existem problemas, (2) tentar descobrir maneiras de minimizar efeitos colaterias (!) antes que o problema se torne tão grave, tão grave, que só proibições radicais o podem resolver.
Pois bem, a Sociedade de Ornitologia Espanhola (SEO) lançou (com o patrocínio da Caixa Galicia) um concurso internacional para pescadores cujo objectivo consistia em procurar técnicas de pesca (ou truques...) que evitassem a morte de aves. A adesão foi surpreendentemente elevada (87 ideias provenientes de 11 países diferentes – houve três propostas de pescadores portugueses!), e as propostas foram todas testadas antes da atribuição do prémio.
A ideia vencedora não podia ser mais simples: consiste em produzir uma pasta (pode ser feita a bordo) com fígados de peixe e outras vísceras (que muitas vezes são deitados ao mar, contribuindo para atrair mais aves) que se coloca num bidon perfurado que é colocado dentro de água junto ao casco do barco. Parece que o gotejar desta pasta forma uma mancha de gordura na superfície da água mantendo as aves à distância, supostamente para evitarem manchar as penas... Estas manchas dissolvem-se uns minutos depois de retirado o bidon, pelo que não constituem nenhuma forma de poluição. Este método é complementado pelo uso de uma linha-espantalho – estas linhas existem em muitos barcos de pesca (estilo decoração dos Santos Populares!), mas um dos concorrentes afirma que se a dita estiver presa a um dispositivo flutuante o efeito aumenta consideravelmente devido ao movimento oscilante contínuo.
E o vencedor é... Foram dois pescadores: Alek Atken, da Nova Zelândia, e Peter Robinson, da Austrália. Em segundo lugar ficou Yamandú Marín, do Uruguai. Isto mostra como os pescadores reconhecem o problema (que é global...) e como estão dispostos a pensar nele. Coube aos ambientalistas facilitar a discussão internacional, cabe-nos a todos divulgar as boas práticas identificadas – a alter-globalização é isto, não precisa envolver partido político nenhum.
mpf
P.S. O albatroz que aparece afogado na fotografia pertence à espécie Diomedea exulans. Estes albatrozes têm uma longevidade enorme (o casal reprodutor mais velho que se conhece tem 66 anos!), mas só se reproduzem a partir dos 12 anos. Espécies com estas histórias de vida rapidamente se podem extinguir, já que a morte de um indivíduo adulto representa a perda de muitos descendentes, e as crias que entretanto possam ter nascido demorarão muito (por vezes demasiado...) tempo a reproduzir-se.
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