quinta-feira, fevereiro 05, 2004

Portugal, SA… II

Alberto Matos - Crónica semanal na Rádio Pax – Beja - 03/02/2004

Na Defesa, o génio inigualável do ministro faz jus ao galardão de melhor comediante na farsa ‘O Patriota’, pelo alto sentido de Estado revelado na aquisição de aviões e helicópteros ao amigo americano, para inveja da velha Europa que vai ter de se contentar com os submarinos… Com tais mestres, não é de admirar que também Celeste Cardona começasse a imitar o sector privado. E querem melhor exemplo que o dos patrões que se ‘esquecem’ de entregar à segurança social o dinheirinho descontado todos os meses aos trabalhadores? Isto sim, é que são as ‘boas práticas’ de uma gestão flexível e desburocratizada, sem as chatices do Tribunal de Contas… Ainda por cima a ministra da Justiça - que, no dizer do professor Marcelo, já não é bem ministra - esqueceu-se de falar com a sua colega das Finanças, o que não é novidade nenhuma: toda a gente sabe que os ex-ministros Pedro Lynce e Martins da Cruz também não falavam um com o outro!

Assim vamos, neste jardim à beira mar plantado em que um terço da economia é clandestina ou, por assim dizer, informal. Querem melhor exemplo de flexibilidade e de ‘boas práticas’? Deixem-nos trabalhar, seus madraços da função pública que andam para aí a chorar o fim da ADSE... Agora, com os contratos individuais de trabalho, é que vão ver o que são elas... Bem vindos ao pais real! E este espírito de iniciativa não se fica pelo aparelho de estado central: também às autarquias estão a chegar os ventos da modernização com as empresas das Águas, SA, dos Lixos, SA, do Desporto, SA, da Cultura, SA, do Urbanismo, SA… eu sei lá! Neste país de poetas e autarcas proeminentes, como Valentim Loureiro e Fátima Felgueiras, tudo é possível. Sem falar, é claro, do espírito SA que chegou ao futebol com as SAD, tornando possível as batalhas verbais e campais de Alvalade e Guimarães, na mesma semana em que um país inteiro chorou a morte do jovem Miklos Feher!

Só faltava o anúncio de que Alberto João Jardim poderá ser o próximo presidente da Assembleia da República para que Portugal passasse a ser, de pleno direito, uma república das bananas, SA!

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