quinta-feira, janeiro 08, 2004

Portugal

Parece unânime — Portugal é um país economicamente inviável. Mas então como é que existe há quase 900 anos e ainda sobrevive?

Eis a minha pequena teoria.

Nos primeiros 400 anos porque os espanhois estavam mais ocupados a andar à porrada com os mouros. Depois, de há uns 500 anos para cá, Portugal habituou-se a viver à custa de riquezas que ia sacar a outros lados, sem grande investimento. E a gastar as ditas riquezas a comprar coisas a outros em vez de se desenvolver.

Primeiro foram as especiarias da Índia. Quando os ingleses tomaram conta daquilo, passou a ser o ouro do Brasil e o tráfico de escravos. Quando os brasileiros se independentaram, passaram a ser as matérias primas de África, mais o trabalho quase escravo e um mercado cativo sem concorrência.

Eis que se dá o 25 de Abril e isso vai tudo pelo cano. "Agora estão tramados, vão ter que se esforçar" pensam os bem pensantes. Qual quê, aparece uma nova mama, os fundos da UE! Mais uma década ou duas a mamar e agora é que são elas, a teta vai secar. "Agora é que é de vez" dizem os optimistas. Mas não é que se começa a vislumbrar uma nova "salvação"? Importar imigrantes de África e do Brasil para povoarem as fábricas de calçado, hoteis e restaurantes, hipermercados, estaleiros de construção (e já agora meia dúzia de futebolistas) para fazerem algum e com isso pagarem os impostos e segurança social para os indígenas viverem (ou melhor, sobreviverem) de reformas antecipadas e subsídios de desemprego (directos ou indirectos, vulgo função pública) ...

Este espírito do desenrasca, não há-de ser nada, não te metas nisso, deixa andar e depois logo se vê, como estratégia de Sobrevivência até vai resultando, agora como Desenvolvimento é que vamos sempre a reboque dos outros, a arrastar os pés e a resmungar, e a vê-los todos a passar à nossa frente ...

José Mota

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