segunda-feira, novembro 17, 2003

Prestige: 1 ano depois

1ª parte (tirado daqui)

"E tal dia fez um ano". Costuma dizer-se assim para encomendar ao esquecimento os acontecimentos a que damos uma importância desmesurada. Imagino que ao longo destes trezentos e sessenta e cinco dias os políticos envolvidos no desastre do Prestige repetiram essa sentença com a esperança de conseguir para as suas responsabilidades um esconderijo seguro.
E esta semana completa-se o primeiro aniversário deste acontecimento, um dos mais trágicos da nossa história, que eles converteram em inesquecível com a sua incompetência e sua soberba. Pior seria para nós se fosse cumprido o desejo que o seu preto coração oculta de não sabermos tirar aprendizagem e experiência deste asunto.

Agora sabemos que não temos "Estadinho", que a sua autonomia e o seu estatuto são apenas mais uma forma de nos manter submetidos e de anular a nossa capacidade de decisão e de reacção: que ninguém faça nada, porque isto é para se tratar em Madrid, parece ter dito alguém com muito mando. Podem ir caçar, insistiu. E os de cá (que são os mesmos de lá) foram obedientes "a corçear", como diria Ánxel Fole, que quem paga é "elcorteinglés".
Mas também aprendemos que não temos Estado. Que aquele ao qual pertencemos por imperativo legal tampouco não serve para nada além de andar com o barco de cima para abaixo soltando merda como quem caga num ventilador. Enquanto uns tantos caçavam e os outros olhavam para o lado, assobiando para o ar. (continua no próximo post)

Xabier P. Docampo
Novembro 2003

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