O Canguru é um bicho que se adaptou gradualmente à Ecologia Australiana. Há 50 milhões de anos, os seus antepassados eram pequenos, carnívoros e viviam em florestas tropicais. Hoje são grandes, herbívoros e vivem em pastagens naturais, com algumas árvores pelo meio. Numa floresta tropical, tudo é bastante previsível; ele é a temperatura sem grandes oscilações, chuva com fartura, humidade asfixiante, comida todo o ano. Numa savana a rasar o desértico, nada se pode prever: há anos bons e maus, anos de seca e anos de inundações, muita relva ou só alguns rebentos. Por isso, os cangurus tiveram que se adaptar a esta lotaria de uma forma muito eficaz, já que foram eles que chegaram aos nossos dias, em detrimento de outros grupos de animais que pereceram.
Uma das adaptações mais bem sucedidas é a capacidade das fêmeas terem simultaneamente três filhos: um cá fora, um na bolsa e outro no útero. Mas o que está cá fora ainda mama, pelo que dentro da bolsa marsupial, há dois mamilos distintos, um para o puto já maiorzinho (leite mais rico em gordura) e outro para o puto ainda na bolsa. Mas a fantástica biologia da canguru não acaba aqui. E se a época se anuncia manhosa, com uma seca calamitosa à espreita? como é que a canguru se aguenta à bronca?
Nada mais fácil: o desenvolvimento do embrião é imediatamente interrompido, e só recomeçará a crescer quando as condições melhorarem. Assim, a canguru consegue sempre maximizar a quantidade de filharada que tem, em harmonia com a imprevisível ecologia Australiana. Engenhoso, inteligente e ecologicamente estável. É uma daquelas pequenas vantagens que terá feito a diferença durante a implacável selecção natural.....
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