quarta-feira, novembro 05, 2003

Inteligência emocional - 1ª parte

Como deve ser do conhecimento geral, nem sempre bons resultados no ensino escolar ou em cursos superiores e um alto coeficiente de inteligência conduzem ao sucesso na vida profissional. Na verdade, esta constatação sugere que devia haver outros aspectos e valores a considerar, quando se avaliam competências. A inteligência emocional, que consiste na capacidade de identificar, controlar e manejar as suas próprias emoções e sentimentos assim como os dos outros, é um deles. Apesar de ser um componente importante da chamada “competência social”, encerra valor, utilização e existência independentes. Possuir competência social tem um sentido muito mais vasto e implica conhecer e saber agir em conformidade com as normas e regras da sociedade, em qualquer situação. Interessa, portanto, não confundir uma com a outra.

Embora não seja de importância capital e já resida no inconsciente desde o começo da nossa vida em sociedade, o certo é que a inteligência emocional nunca foi devidamente valorizada. Pelo contrário. Emoções e sentimentos são, de um modo geral, considerados como aspectos inferiores da inteligência humana. A prova é que, durante estes últimos dois mil anos, sempre definimos uma pessoa culta e inteligente como sendo lógica, racional e reflectida. Só agora, depois de ter sido elevada à categoria de Ciência, é que se começa a vislumbrar o potencial deste relativamente novo ramo da psicologia. Com efeito, o domínio consciente (ou inconsciente) desta ciência poderá ser a chave do sucesso na vida profissional de qualquer cidadão e o conhecimento ou ignorância da mesma pode representar a diferença entre o bom e o mau chefe. Mas convém salientar que, contrariamente ao que afirma Daniel Goleman (“Emotional Intelligence”, Bantam Books, 1997), a inteligência emocional não é mais importante que a inteligência “normal”. Por outro lado, seria um erro crasso ignorá-la e negligenciá-la. Talvez fiquemos com uma ideia mais clara da sua importância, se tivermos em consideração que a capacidade de “empatizar” e a faculdade de saber interpretar a linguagem do corpo fazem parte integrante da inteligência emocional.

Asdrúbal Vieira

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