Relatório do desenvolvimento humano da ONU -CEI / Europa Central e Oriental
Região em crise
Esta região assiste a descidas catastróficas dos rendimentos. É a única região do mundo onde, na realidade, o Índice de Desenvolvimento Humano está a descer (na África Subsariana está apenas a desacelerar). As taxas de pobreza subiram acentuadamente, tendo triplicado ao longo da década. Os habitantes desta região chegaram ao final deste período com menos saúde, rendimentos médios mais baixos e uma taxa de escolarização primária inferior à taxa média da América Latina. Em vários países da região, no final dos anos 90, os níveis de rendimentos aproximaram-se dos dos países menos avançados do mundo. Estas tendências negativas remontam à década de 1980, mas os dados relativos à de 1990 dão uma ideia da dimensão do declínio:
• A pobreza aumentou para mais do triplo, passando a afectar quase 100 milhões de pessoas – 20% da população da região.
• Isto deveu-se sobretudo à estagnação ou à inversão das tendências em matéria de rendimentos médios em toda a região. Os decréscimos mais pronunciados registaram-se na CEI, em particular na Ucrânia, Turquemenistão, Geórgia, Moldávia, Quirguistão e Tajiquistão.
Países Prioritários
Cinco países da região são classificados como “prioritários” pelo RDH, pois apresentam níveis elevados de pobreza e, ao mesmo tempo, exigem acção urgente para inverter ou acelerar drasticamente as actuais tendências, a fim de poderem alcançar os Objectivos. É surpreendente que pareça não haver grande mobilização internacional em torno da questão da pobreza nestes países. É claro que eles são um exemplo das consequências de Estados que fracassaram e da ameaça que isso representa para o resto do mundo. Nestes países não existe uma solução de compromisso entre os gastos para reduzir a pobreza e as despesas com a segurança. Os cinco países “prioritários” são:
• Tajiquistão, Cazaquistão, Turquemenistão, Uzbequistão e Moldávia.
Destino desigual
Embora, na região, as taxas globais no que se refere ao ensino primário, ao acesso a água salubre e a não passar fome sejam próximas dos padrões dos países ricos, há contrastes evidentes por trás do desempenho médio da região. Os contrastes fazem-se sentir entre as sub-regiões e países, existindo também no interior dos próprios países. Existe uma diferença acentuada entre países da Europa Oriental como a Polónia, a República Checa e a Eslovénia, onde a perspectiva de adesão à UE dá esperança de melhorias, e os sete países da CIS onde o futuro parece sombrio. O Relatório do Desenvolvimento Humano refere o contraste acentuado existente entre o desempenho dos países da Europa Central e Oriental e o dos que pertenciam à ex-União Soviética. Estes últimos apresentam níveis de pobreza humana mais elevada e, na década de 1990, conheceram inversões mais acentuadas das tendências no domínio do desempenho, no que se refere à consecução dos Objectivos.
Federação Russa: Alcoolismo e o VIH/SIDA agravam a desigualdade
O Relatório salienta também um aumento impressionante das disparidades na esfera dos rendimentos na Federação Russa. Neste país, a rápida propagação do VIH/SIDA, o aumento do alcoolismo e as repercussões violentas do abrandamento da economia na década de 1990 estão a afectar algumas regiões e grupos mais do que outros, aumentando as clivagens entre os grandes centros urbanos e o resto do país.
Feminização da pobreza
O impacte da pobreza crescente está a fazer-se sentir desproporcionadamente nas mulheres. Na Rússia, por exemplo, os dados sobre salários mostram que os salários das mulheres foram afectados de uma maneira desproporcionada pela grande baixa geral dos rendimentos. Isto é apenas um exemplo de um grande número de elementos quantitativos e qualitativos que apontam para um padrão semelhante.
Alguns êxitos
Alguns países da Europa Central e Oriental conseguiram melhorias notáveis: a República Checa, a Hungria, a Polónia, a Eslováquia e a Eslovénia estão prestes a tornar-se membros da União Europeia. O desafio é replicar estes êxitos em países da CEI que se esforçam por avançar. Os sete países da CEI – Arménia, Azerbaijão, Geórgia, Quirguistão, Moldávia, Tajiquistão e Uzbequistão – chegaram ao final dos anos 90 com rendimentos próximos dos dos países menos avançados.
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