Relatório de desenvolvimento humano 2003 (relatório das Nações Unidas): Leste Asiático e Sul da Ásia
Regiões de contrastes
Na última década, tanto o Leste Asiático como o Sul da Ásia conseguiram avanços enormes no que diz respeito a alcançar os Objectivos de Desenvolvimento do Milénio. Mas há disparidades notórias no domínio da distribuição dos benefícios do desenvolvimento.
Aspectos positivos:
• O Leste Asiático alcançará os Objectivos em matéria de redução da fome e da pobreza muito antes do prazo de 2015. Quanto à fome, a região apresentou uma melhoria sem precedentes e agora possui uma percentagem de pessoas que passam fome inferior à da América Latina. A China, o Vietname e a Tailândia figuram entre os países que contribuíram para essa descida da taxa da fome. Entretanto, o rápido crescimento económico da China, onde vivem 70% da população da região, arrancou da pobreza 150 milhões de pessoas. Na Tailândia e na Malásia também se registou um forte crescimento durante a década de 1990, apesar da crise asiática perto do final da década.
• Os progressos do Sul da Ásia no domínio da água e do saneamento significam que é possível realizar este Objectivo até 2015. No Paquistão, Índia, Nepal e Bangladeche houve também grandes melhorias.
Aspectos negativos:
• Os progressos globais foram provocados pelos avanços conseguidos em zonas concretas, enquanto outras partes importantes dessas regiões estão a ficar para trás. Na China, por exemplo, as zonas litorais são muito mais prósperas do que as do interior. Enquanto as zonas litorais cresceram ao extraordinário ritmo médio de 13% ao ano, durante a década de 1990, as zonas do Norte e do Ocidente apresentaram taxas de crescimento, cinco vezes mais baixas em média. Embora em metrópoles como Beijing, Xangai e Tianjin tenha havido acentuados progressos em matéria de indicadores de desenvolvimento humano, muitas outras regiões foram deixadas para trás: o Tibete, por exemplo, apresenta os valores mais baixos nos domínios do nível de instrução e da esperança de vida. Há também grandes disparidades de riqueza na Índia, onde a desigualdade se tem acentuado consideravelmente.
• O desafio do desenvolvimento é ainda enorme. No Sul da Ásia vive o maior número de pobres do mundo e uma em cada três pessoas desta região sobrevive com menos de um dólar por dia. Só na Índia há 50 milhões de crianças que não frequentam a escola. O Sul da Ásia fica em último ou penúltimo lugar no que se refere a seis dos sete Objectivos de Desenvolvimento do Milénio que se aplicam aos países em desenvolvimento (o oitavo Objectivo aplica-se aos países desenvolvidos).
Soluções
Ambas as regiões dispõem de recursos que lhe permitem dar passos importantes para erradicar a pobreza. Apenas cinco dos 59 países “prioritários” que precisam de ajuda urgente ficam situados no Sul da Ásia ou no Leste Asiáticos. Do que se precisa é de:
• Políticas a favor dos pobres que dêem prioridade à saúde, educação e meios de subsistência das pessoas pobres.
• Alargamento das oportunidades para que as pessoas das duas regiões tenham mais direito a participar nas decisões sobre a prestação de serviços básicos. Exemplos de histórias de sucesso em matéria de descentralização e de tomada de decisões pelas populações locais na Índia: estados de Kerala e Madya Pradesh).
• Aumentar as tecnologias inovadoras e de baixo custo: a título de exemplo, podem citar-se as instalações sanitárias construídas pela organização Sulabh na Índia e os esforços em prol do saneamento desenvolvidos pelo Dr. Song Lexin na província de Henan, na China.
• Liderança política, exemplificada pela campanha levada a cabo na Índia, sob a direcção do Primeiro-Ministro, para fornecer água e saneamento a 165 000 aldeias.
Sem comentários:
Enviar um comentário