Propinas II
Aquilo que o Paulo aqui disse será verdade, mas também é verdade que o ensino superior custa dinheiro (o meu dinheiro, porque eu pago impostos, não lhes fujo), e esse dinheiro é muito mal gasto em certos casos. Ora, os estudantes não deveriam assumir a postura corporativa que de facto assumem, e que consiste em defender todos por igual -- defender tanto aqueles que se portam bem e são honestos como aqueles que se portam mal e são desonestos. Tal como os trabalhadores da Auto-Europa compreendem os problemas da empresa e fazem propostas de negociação realistas, os estudantes também têm a obrigação de compreender os problemas que as pessoas como eu têm em andar a pagar para alguns deles não aprenderem nada.
Uma proposta realista, simples de aplicar, era a seguinte: cada estudante, em cada ano, inscreve-se nas cadeiras que desejar. (Só é autorizado a fazer exame desde que esteja inscrito!) A primeira inscrição de cada estudante em cada cadeira é gratuita -- nós, os pagadores de impostos, pagamos. Na segunda inscrição, o estudante paga 50% do valor da cadeira -- o qual é determinado por cada universidade, em função dos salários dos professores que lecionam a cadeira, dos custos dos reagentes laboratoriais, etc. As inscrições para além da segunda são totalmente por conta do estudante, os taxpayers não pagam nada.
Esta proposta é realista e simples. Aplica-se a trabalhadores-estudantes. Aplica-se a pobres e a ricos. Aplica-se a inteligentes e menos inteligentes. É responsabilizadora. Cada um só se inscreve nas cadeiras que acha estar em condições de fazer, e pronto. E é uma proposta que distingue entre as universidades boas e as menos boas, conforme o ministro quer -- e eu acho muito bem. E premeia o ensino de qualidade, conforme o ministro quer -- e tem toda a razão.
Será que não há forma de, de uma vez por todas, abandonarmos os corporativismos?
Luís Lavoura
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