O problema dos partidos I
Já que apareceu neste blogue um artigo retirado da revista "A Comuna", da UDP, atrevo-me a referir que no número 1 dessa revista aparece um outro artigo que também merece ser referenciado e lido com atenção, "O problema dos partidos", que discute a "alergia" que alguns participantes no Fórum Social Português demonstraram à presença nele de partidos políticos. Trata-se de um artigo extraordinariamente lúcido e que contem algumas afirmações polémicas. Nomeadamente, segundo o autor, um partido define-se como defendendo os interesses de uma certa classe ou grupo de cidadãos -- em oposição à ideia estilo "Bloco Central" de que um partido pretenda defender todos os cidadãos ao mesmo tempo -- no entendimento de que na sociedade há diversas classes e grupos de cidadãos que têm interesses contraditórios e inconciliáveis. Um partido define-se, mais, por um entendimento específico de qual a forma como os interesses desse grupo de pessoas deve ser defendido; ou seja, pode haver diferentes partidos que pretendem defender uma mesma classe ou conjunto de pessoas, mas que têm entendimentos divergentes sobre a forma como fazê-lo. Esta ideia reflete-se no artigo sobre o acordo de tabalho na Auto-Europa, no qual vemos em confronto velado posições diferentes sobre a forma como devem ser defendidos os interesses dos trabalhadores, uma, defendida pela cúpula sindical (a CGTP, dominada por comunistas), segundo a qual não se deve fazer negociações com o capital, outra, defendida pela comissão de trabalhadores (na qual os bloquistas são muito influentes), segundo a qual os acordos de empresa são benvindos.
Luís Lavoura
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