terça-feira, setembro 09, 2003

7º FESTIVAL DE CINEMA GAY E LÉSBICO DE LISBOA


O Festival de Cinema vive este ano um ano de particular balanço, sendo a primeira vez que a CML não apoia financeiramente o Festival, apenas oferece a sala do Fórum Lisboa e a divulgação local, em mupis. A Opus Gay critica veementemente esta falta de apoio financeiro. Compreendemos que a CML queira ver diversificadas as fontes de apoio utilizadas pelo Festival mas consideramos que a retirada de apoio deveria ser progressiva, atempadamente conhecida, e nunca total. Um Festival desta natureza merecerá sempre de apoios, pela mais valia cultural e turística que traz para a cidade, e estes devem caber, pelo menos em 50%, à CML. Assim, é com certeza, com redobrado esforço que assistimos ao manter dos dias de exibição, 12 a 27 de Setembro (se bem que com um nº e horário de filmes mais reduzido e bastantes vídeos, assim como exibições no Pequeno Auditório do Fórum, que comporta apenas 35 pessoas), acrescidos ainda dos ciclos FNAC e das apresentações na Cinemateca.

Outros apoios institucionais faltam aparentemente ao Festival este ano, como os dos nstitutos de Línguas (Goethe, British Council, Franco-Portugais, Cervantes), que não realizam qualquer exibição nas suas salas. Nada é referido quanto aos apoios habituais do ICAM.

Com todas estas dificuldades, o Festival necessita este ano de público, não para justificar a sua existência (essa já a conquistou), mas para o tornar financeiramente viável. Este objectivo revela-se difícil uma vez que, de acordo com os números da organização, o Festival manteve-se dentro dos 10 mil espectadores nos primeiros 5 anos, tendo o último ano, o sexto, decrescido para cerca de 7500, o pior ano. No entanto, alguma re-centração
agora operada em torno de filmes mais especificamente lgbt poderá trazer mais espectadores. Os bilhetes são a 2 euros para sócios de associações lgbt, no Fórum.

Não existe também qualquer notícia sobre a candidatura a outras formas de financiamento, que não a CML, nomeadamente Fundações estrangeiras e nomeadamente ainda o Programa Media da União Europeia, para o qual vimos alertando há anos este Festival tem perfil de candidatura.

Celso Júnior, que se tem revelado um excelente Director Artístico deste Festival, nunca formou uma equipa que permitisse ter igualmente um excelente Director de Produção e Marketing. A falta de orientação de mercado do Festival leva também a que, no seu 7º ano, se mantenha um Festival principalmente antológico, quando teve hipóteses de ser um dos maiores festivais de cinema lgbt de actualidade, ou mesmo de competição, do mundo.
Para tal faltou-lhe agressividade comercial.

Celso Júnior continua a concentrar em si praticamente todas as funções coordenadoras do Festival, apesar de ter sido criada uma "Associação Cultural Festival de Cinema Gay e Lésbico de Lisboa", de que continua desconhecida a Direcção, e que se dedica exclusivamente a este evento. A criacção desta associação tirou este evento à Associação ILGA Portugal, com fins que continuam sem se vislumbrar. Celso Júnior soma este ano, ao papel de Director, Programador, Produtor, Coordenador da Comunicação e Relações Externas, Coordenador de Logística, Autor do Cartaz, o papel de co-realizador duma curta! A ver com expectativa...
O Director do Festival está há muito convidado para ir ao programa independente, lgbt, "Vidas Alternativas" na Voxx,falar sobre o evento. Esperamos uma intervenção na proxima quarta feira,pelas 21 horas .


RELATÓRIO DO PARLAMENTO EUROPEU SOBRE DIREITOS HUMANOS NA UE DEFENDE DE
NOVO DIREITOS LGBT


O relatório de 2002 do Parlamento Europeu sobre os Direitos Humanos na UE defendeu de novo muitos dos direitos lgbt, nomeadamente o direito a um idade igual de consentimento sexual, aspecto discriminatório ainda existente em Portugal. Mas o que constituiu novidade foi o apoio ao casamento e adopção por homossexuais, direitos que o Parlamento deseja ver reconhecidos por todos os Estados Membro.
Numa altura em que a Igreja Católica tenta dinamizar grupos de influência para que lutem contra as uniões de facto homossexuais não deixa de ser refrescante que os príncipios laicos de igualdade e não discriminação vençam naquelas que são as verdadeiras instituições políticas da União.

SOLIDARIEDADE COM O AUMENTO DOS DESEMPREGADOS EM PORTUGAL

A Opus Gay manifesta a sua solidariedade para com os desempregados portugueses, nomeadamente para com os cerca de 28 mil professores não colocados. O associativismo lgbt português deve muitíssimo à classe docente portuguesa e não queremos deixar de exprimir um voto de coragem, e de solidariedade.

Antonio Serzedelo
Anabela Rocha

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