domingo, julho 06, 2003

Outra CAP é possível II

Agradeço à Maria João o artigo do insuspeito Washington Post que me mandou. Nele, a CAP é contextualizada na relação comercial entre a Europa e a África. Claro que os EUA têm histórias semelhantes, mas fica aqui bem expressa a perversidade da política agrícola Europeia. Ficam aqui alguns números e uma tradução de algumas partes do artigo.

Números

Despesas dos países ricos a subsidiarem a agricultura: 300 biliões de US$
Produto económico da África sub-Sariana: 300 biliões de US$

Rendimento médio na africa sub-Sariana: 1$ por dia
Subsídio recebido por uma vaca na Europa: 2$ por dia

Uma tonelada de manteiga na Europa custa 3800$
Uma tonelada de manteiga na América custa 1400$

Depois da PAC, na África houve:
Redução em 90% das exportações de leite
Redução de 70% nas exportações de gado
Redução de 60% na exportação de carne
Redução de 50% na exportação de colheitas vegetais
Redução de 40% na exportação de cereais

Introdução

A PAC gerou subsídios e tarifas que recompensaram principescamente a Agricultura Europeia e incrementaram as exportações, baixando os preços mundiais dos alimentos e enfraquecendo as exportações africanas. A razão porque a PAC é extremamente injusta para os países vizinhos divide-se em três vertentes: subsídios internos à produção agrícola, subsídios à exportação e impostos severos a todos os produtos que venham de fora da Europa.
Impedindo que a maior parte do continente Africano possa desenvolver os seus recursos agrícolas, a CAP entrava a sua capacidade de atrair o capital financeiro, tecnológico e humano que permitiria o seu progresso económico e social.
Esta injustiça tem continuidade porque mesmo os políticos recebem o seu quinhão de lucros. É uma máquina de fazer dinheiro perfeita. A PAC garante preços aos agricultores muito acima da média mundial e muito acima dos custos de produção. Assim sendo, o agricultura Europeia produz o máximo de que é capaz e os excedentes são lançados nos países em desenvolvimento, estrangulando ainda mais as suas economias. Para assegurar que os países com custos de produção mais baixos não possam competir, existem então os subsídios à exportação para os produtores Europeus, engordando ainda mais os seus lucros domésticos. Para completar o círculo, os políticos que tentam a reeleição sabem perfeitamente quem contactar para serem apoiados financeiramente.

Isto continua!

PP