Opus gay e o PS; os movimentos sociais e os partidos.
Apesar de ser sempre útil conversar com os Partidos temos de concluir que a reunião com o PS, entre os Drs. Pedro Adão , M. de Belém , e os representantes da Opus Gay, pedida desde Abril, e que se realizou há dias, foi algo desapontadora como balanço final.
Contudo o PS tinha conhecimento antecipado da nossa agenda, mas nada nos propuseram que nela se enquadrasse, nem fora dela.
Acordamos alguma troca de informação, que esperamos de facto, venha a ocorrer. Também vimos vontade de dinamizar núcleos ou clubes glbt.
Infelizmente, continuamos com a sensação que estas reuniões têm como objectivo meramente cumprir agenda, sem que o PS clarifique definitivamente, se entende, ou não, ser útil promover uma sociedade portuguesa diversa, com benefícios económicos e sociais para todos, ou se, por outro lado, vai permanecer tolhido pelas lógicas da maioria/minorias.
Parece que o PS ainda não percebeu que pode defender as classes medias
compaginando o seu discurso com a defesa dos Direitos Humanos e dos Direitos das Minorias. De facto, é a qualidade da Democracia que está em jogo, quando estão em jogo os direitos das minorias.
A questão útil nesta reunião, foi ela ter-se realizado. Já foi um passo, ainda que muito pequeno. Nunca se tinha dado.
Concluirei, agora, que os partidos em Portugal são menos factor de inovação, do que de conservação de poder. Esperam que nós inovemos, para depois irem atrás, para o conquistarem?
No fundo o que nos pedem é que mudemos os hábitos! Os partidos reflectem-nos a sociedade em que estamos envolvidos, e em que eles próprios estão também envolvidos. Então, é isso que esperam de nós: que mudemos para depois, apoiarem a mudança.
Temos portanto de lutar, e não andar a reboque deles.
Infelizmente, a herança, ou a experiência que temos no movimento lgbt, de partidarização desta luta e de subordinação dela a uma lógica partidária é pesada, e deixou de ser-nos útil, e tem-nos deixado muitas marcas.
Temos de começar a mudar por dentro. Por alguma razão, como apontou o sociólogo nosso companheiro António Dores cindimos em pleno FSP, por iniciativa das outras associações ligadas partidariamente. Ou seja estamos já numa situação política diferente, e é bom que comecemos a ter consciência disso.
Por outro lado, o que se passa no movimento lgbt é o que se passa no movimento social.
Ambos olham para os respectivos umbigos, e não são capazes de olhar à roda.
Ambos lutam com falta de solidariedade, embora estejam sempre a invocá-la, ou a solicitá-la, enquanto têm dificuldade em praticá-la. Ambos têm estado(erradamente) dependentes da lógica dos partidos, e, ou mudam, e se independentizam, ou vão ficar, ou vamos ficar muitos anos no mesmo sítio.
É preciso vencer homofobias que há dentro dos partidos, muitas delas
personalizadas por líderes de vidas duplas, que travam as mudanças, preferem a hipocrisia. Mas sobretudo, é preciso muito mais gente a dar a cara, a par com o imprescindível apoio dos heteros.
Mas há quem não queira a mudança."Forças do bloqueio" :),ou como lhe
chama o António Pinto "da Resistência".
O FSP veio mostrar-nos isto tudo. Teve essa vantagem, decisivamente.
Por isso na Opus gay (que está no FSP desde os inícios) estamos empenhados nessa mudança, e vamos trabalhar por ela nos patamares diversos a que temos acesso.
No tocante ao PS vamos aguardar clarificações, absolutamente necessárias, e até urgentes, enquanto pedimos audiências aos outros partidos, com a mesma agenda, para ver o que nos dizem, já que dependemos deles para as iniciativas legislativas.
AS
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