segunda-feira, junho 23, 2003

Outra pastorícia e consumo alimentar é possível

No outro dia (estava a ouvir a Antena 1) falava-se da utilização maciça de antibióticos na produção de carne; como é óbvio, "na natureza nada se perde tudo se transforma" (por acaso é mentira, a malandra da entropia está sempre a crescer), e mais tarde ou mais cedo os antibióticos vão parar à barriga do inocente consumidor. O consumo indiscriminado de antibióticos tem como consequência o enfraquecimento generalizado das nossas defesas naturais. A Europa e a sua PAC têm culpas no cartório, já que nunca beneficiou claramente a exploração extensiva (onde a Bichesa se alimenta de prados naturais) e inclusivamente obriga a matar em matadouro toda a criação do campo, mesmo que seja uma galinha. Está-se mesmo a ver que a Ti Maria do Monte aqui ao lado vai a correr a Estremoz sempre que quiser matar uma das suas galinhas criadas no quintal. E a minha tia, no dia da matança do porco (inevitavelmente alguns dias depois do Natal), entrega-se à justiça por não aguentar mais a culpabilidade que lhe rói a alma. E se me derem a escolher, não hesito em comer uma chouriça de sangue feita fora da lei ou um arroz de cabidela da Ti Maria clandestino que me candidata automaticamente à prisão preventiva (de certeza que se não prenderem todos este prevaricadores eles hão-de continuar a apunhalar porcos e a cortar pescoços inocentes de galinha a torto e a direito, numa atitude despudorada de absoluto desrespeito pela lei), em detrimento de um super-higiénico hambúrguer (vocês sabem do quem é que eu estou a falar), ou de umas coxas de galinha embrulhadas em soflan no hiper-mercado da esquina. A única esperança que ainda resta é que a selecção natural vá ceifando paulatinamente os consumidores de fast-food e seleccione os consumidores de slow-food, os fora-da-lei comedores de criação do campo, os defensores dos sistemas extensivos e sustentáveis, e aí sim, outro mundo será possível. Deixa-os pousar, que a selecção natural não dorme em serviço.

PS - para completar a educação higiénica das novas gerações levada a cabo pela MacDonald's, deveriam levar os petizes a uma visita guiada aos matadouros e às quintas onde eles acomodam os bichinhos, antes de os transformarem em hambúrgueres. Depois de apreenderem tudo, num ambiente asséptico e esterilizado, com carcaças a cheirar a antibióticos, de certeza que os petizes chegavam a casa e começariam a utilizar as happy meals para fins terapêuticos. Com uma pequena infecção cutânea, esfregar 1/4 de big-Mac duas vezes por dia; para uma bronquite insistente, ingerir 2 cheesburguers por dia e esfregar no peito um hambúrguer simples ainda crú.....

PP

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