quarta-feira, junho 25, 2003

Nota musical I
(faz parte do projecto paralelo de educação popular - ver caixinha azul onde estão as linhas editoriais por que nos cosemos)

Cumprindo a promessa de alguns posts atrás, venho explicar o que realmente aconteceu na idade das trevas (pelo menos foi assim que me venderam o peixe). Os teóricos gregorianos (tem a ver com o papa Gregório não sei das quantas, não tendo nada a ver com a teoria por de trás da regurgitação involuntária), com o pensamento altamente imbuído da mais divina inspiração, interpretaram completamente ao contrário os alfarrábios musicais dos gregos. Nestes últimos, toda a lógica modal (organização de tons e meios tons numa escala) era descendente; por um preconceito religioso de que tudo deveria ser ascendente, em direcção aos céus, os gregorianos interpretaram estes modos ascendentemente, deturpando completamente toda a arquitectura musical grega. E assim, a teoria e respectiva arquitectura que está na base de toda a música ocidental (o canto gregoriano e os seus modos) resulta de um enorme equívoco. Assim, quando escreverem alguma coisa que acham que possa vir a ser lido pelas gerações vindouras, não se esqueçam de juntar um manual de instruções, tipo "isto lê-se da esquerda para a direita e de cima para baixo". Tão espertos os camaradas gregos e não se lembraram do essencial (bastava ter dito que a coisa se interpretava de cima para baixo, bolas). É como se deixássemos para aí umas ogivas nucleares prontinhas a usar sem dizer como é que se brinca com o bicho; espero que os responsáveis destas coisas tenham o cuidado de deixar tudo muito bem explicadinho, para que as gerações vindouras aproveitem todo o nosso progresso científico (como diz o Filipe num post aqui ao pé, a culpa não é dos cientistas, vejam lá: a malta faz equações e os políticos é que carregam nos botões). A ver se aprendemos com os erros do passado, sejam eles Gregos ou Gregorianos (estas últimas palavrinhas, são-me familiares, só que no outro contexto ele havia milhares de mortos, um rei ornamentado, uma loira, um calcanhar e um cavalo também ele sem manual de instruções .....).

PP

PS - desde os 13 anos que queria utilizar estes valiosos conhecimentos adquiridos. Mais uma vez se prova que a utopia é sempre possível!

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