Segundo as palavras de José Lello, somos movimentos marginais e ultraminoritários. Integramos também no nosso seio os LGBT. Os dirigentes socialistas Vieira da Silva, Pedro Adão e Silva e Ana Gomes cometeram um erro terrível em participar no FSP; talvez tenham ficado com alguma virose marginal, ultraminoritária e LGBT, e esta agora se propague por todo o PS. Na próxima intervenção de Ferro Rodrigues, de certeza que ele vai falar de nós, dos grupúsculos ultraminoritários e sub-marginais (tipo margem sul, associação recreativa da Baixa da Banheira) do FSP. Os epítetos de “perigosos” (Filomena Mónica) e de “satélites dos partidos de esquerda” (JPP) não me surpreendem, já que vieram de onde vieram: a FM apela ao medo, arma também utilizada pelos USA na sua política interna, que Bowling for Columbine tão bem retrata; o JPP reduz a coisa aos partidos de esquerda, porque desconhece todo o resto, porque é fácil, porque é assim a sua visão do mundo, redutora. Agora, a suprema ofensa de nos chamar marginais, ultraminoritários e ainda por cima tolerante com os LGBT surpreende-me, por vir do PS, e sobretudo pela conotação negativa atribuída a tais adjectivos. Claro que alguns de nós são minoritários (qual é que é o problema?); claro que alguns de nós somos marginais (não no sentido de andar armados até aos dentes a assaltar supermercados ou de empurrarmos velhinhas indefesas à saída da missa mas mais na alternativa ao “main stream” económico, cultural e social) e claro que entre nós estão muito bem representados os LGBT, o que ainda mais nos enche de orgulho, já que isso reflecte a diversidade e o clima de tolerância no FSP.
Relativamente à esquerda festiva e folclórica, José Lello deve referir-se à festa da diversidade e ao programa cultural, que com o orçamento que o FSP tinha, foi um enorme sucesso, que deveria ser razão de inveja (como é que eles fizeram isto sem ter quase dinheiro nenhum?) e não alvo de críticas gratuitas (tenho a certeza que nunca pôs lá os pés para ver com os próprios olhos as “festividades”). Reflecte também a visão que a “main stream” tem da cultura: para José Lello e outros, não passa de uma obrigação institucional, de preferência elitista, e que não é importante nem para a economia nem para o desenvolvimento (cai aqui um bocado de para-quedas, mas apeteceu-me). Mas a cultura é um factor de desenvolvimento, essencial ao ser humano, e em conjunto com a inovação científica, é o que caracteriza as sociedades modernas desenvolvidas, onde praticamente toda a gente tem acesso à cultura, preferencialmente de uma forma participativa. Encarar o FSP como uma festa foi essencial para o bom clima vivido durante o Fórum, para estabelecer contactos e para concretizar todas as ideias do FSP numa prática cultural. Há estudos que indicam que nos congressos (ex. científicos), as pausas para o café são geralmente mais produtivos do que os congressos em si. Se calhar na Assembleia da Republica deveriam fazer umas belas pausas para café e à noite, pelo menos uma vez por semana, um bailarico; talvez a Odete Santos dançasse uma mazurca com o Paulo Portas, e os insultos no Hemiciclo passariam a passos de dança arrebatados; a Ferreira Leite atacaria o Francisco Louçã para uma valsa avassaladora (e não com palavras afiadas) e no final todos terminariam a dançar um círculo, a bater palmas alegremente ao som das concertinas e das gaitas de foles... No dia seguinte os comentários seriam mais do género: “tenho que comprar uns sapatos de dança” ou “a camarada Odete rodopia que é uma maravilha” ou “a ver se entram mais moças para deputadas, porque com a disparidade entre homens e mulheres, são sete cães a um osso.... e ainda por cima calhou-me o José Lello na dança de círculo, que é um pé de chumbo.....”
PS (sem José Lello) – sinto-me bués perigoso, FM; amanhã talvez assalte o poder, sei lá, estou farto da democracia representativa. Eu e os outros 4, que são tanto ou mais perigosos do que eu. Segurem-me, que não me estou a aguentar......
Notas botânicas (a botânica como arma subversiva de assalto ao poder):
Digitalis purpurea - Dedaleira em português; planta da família Scrophulariaceae, conhecida pelas sua utilização medicinal. É muito mais frequente no norte que no sul, aparecendo em ermos, afloramentos rochosos e habitats semelhantes. Da planta extrai-se a digitalina, que é utilizada na indústria farmacêutica para produzir alguns medicamentos. As suas propriedades de vasodilatador, podem causar a morte a quem ingerir esta planta (por paragem cardíaca), mesmo em pequenas quantidades. Tem mais de 15 nomes diferentes em Portugal, o que reflecte o conhecimento profundo que o povo tinha desta planta (será que a utilizava medicinalmente?).
Utilização subversiva - no intervalo dos bailes, a malta enche-lhes os copos com digitalina, e depois é só tomar o poder. Injectar a dita é bastante mais eficaz, mas dá muito nas vistas e ainda por cima precisávamos de resmas de gente e somos demasiado minoritários para isso.
PP