Todos os dias o Poder escreve em nós o discurso da impotência.
A crise? Entrou-nos porta adentro quando nada o fazia prever. Se não fosse isso continuaríamos, provavelmente, no melhor dos mundos.
As medidas são impopulares? São, mas não tínhamos alternativa. Se as não tomássemos estaríamos, em breve, em muito pior situação. Pior que a Grécia!
Devemos estar preocupados? Com a selecção nacional de futebol, talvez. Com a situação do país, não. O Governo tem tudo sob controlo. Aliás, começam a ser evidentes os sinais de recuperação. A taxa de desemprego, por exemplo, baixou 0,1% em Agosto, «a segunda descida mensal consecutiva». E «as vendas de automóveis subiram 37,4% até Setembro».
Ah, bom! Então se é assim podemos ir para casa descansados …
Mas não é assim. As dificuldades que hoje atravessamos, expressão de um modelo que dá mostras de esgotamento, ainda vão continuar a exigir de nós um longo e doloroso tributo. E as medidas que têm vindo a ser anunciadas não nos oferecem credibilidade.
O denunciar já não chega. O esforço de analisar e compreender é insuficiente. É urgente a procura de um outro modo de produzir e de viver. Numa sociedade mais justa, mais democrática, mais equitativa, cuja materialidade já se encontra hoje inscrita nos esforços pontuais, localizados, que muitos de nós desenvolvem.
Que não nos será oferecida. Será o produto da nossa capacidade de reagir e de interagir. Será o resultado da nossa luta.
Vamos à luta?
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