1. A comuna de
Rojava é o primeiro esforço no Médio Oriente de um projecto político
anticapitalista baseado numa confederação democrática; tem como
fundamento uma visão alternativa de organização da
vida; assenta numa autonomia não estatal, na autodeterminação, na
democracia directa e no combate ao patriarcado. A autonomia do Rojava é a
utopia de um mundo possível, onde diariamente se constrói a
interculturalidade, uma relação diferente e virtuosa entre
géneros e o respeito pela mãe-terra. O Rojava mostra-nos que não
podemos resignar-nos à barbárie dos dias que correm.
2. O primeiro
resultado desta luta pela autonomia foi a contenção do ISIS (Estado
Islâmico do Iraque e do Levante) e do seu fundamentalismo. Agora, o
referido acordo debilita os esforços das milícias
curdas, atentando contra os notáveis sucessos que as YPG (Unidades de
Protecção Popular) e as YPJ (Unidades de Defesa das Mulheres) obtiveram
até hoje, ao enfrentarem com êxito os ataques terroristas do Estado
Islâmico no Sul da Síria, vendo-se obrigadas a
proteger e libertar o Norte devido ao redobrado assédio levado a cabo
pela Turquia.
3. A guerra
contra a autonomia do Rojava, face ao fracasso do Estado sírio, tem sido
sistematicamente orquestrada desde há anos; os ataques e invasões
territoriais têm sido o pão-nosso de cada dia.
Com a retirada das forças militares norte-americanas das raias
turco-sírias, a ameaça sobe de nível: a hostilidade do Estado turco
contra o esforço de construção de um mundo democrático converte-se na
possibilidade concreta de um extermínio étnico.
Portanto, nós,
subscritores desta carta – académicos, estudantes, activistas,
organizações sociais, colectivos, povos organizados e em resistência –
manifestamos a nossa solidariedade com a luta dos
povos curdos e do Norte da Síria e gritamos a nossa ira contra esta
nova onda de agressão capitalista-patriarcal levada a cabo pelo Estado
turco, sob o silêncio e a cumplicidade da União Europeia e de organismos
internacionais como a OTAN (Organização do Tratado
do Atlântico Norte) e a ONU (Organização das Nações Unidas), que
continuam a dar mostras de que só consideram válidos os Direitos Humanos
quando estes obedecem à lei do mercado.
Defender
Rojava significa defender todos os colectivos e pessoas que lutam
diariamente contra a barbárie capitalista, não só no Médio Oriente, mas
em todos os lugares do Mundo. Esta carta
é um grito de ira, indignação e solidariedade com xs nossxs irmãxs
curdxs, que lutam por outras formas de vida possíveis.
Viva a vida! Morra a morte!
Rojava não está só!
John Holloway
Sergio Tischler
Fernando Matamoros Ponce
Calos Figeroa
Jerome Baschet
Noam Chomsky
Sylvia Marcos
Jean Robert
David Harvey
Arjun Appadurai
Etienne Balibar
Teodor Shanin
Barbara Duden
Michael Hardt
Marina Sitrin
Carole Pateman
Donna Haraway
Raquel Gutierrez
Boaventura de Sousa Santos
Federica Giardini
Dora Maria Hernandez Holguin
Francesca Gargallo
Giacomo Marramao
Alfonso Garcia Vela
Roberto Xavier Ochoa Gabaldón
Vittorio Sergi
Aldo Zanchetta
Lucia Linsalata
Kathleen Bryson
David Graeber
Edith Gonzales
Gustavo Esteva
Raul Zibechi
Alexandros Kioupkiolis
Paolo Vernaglione Berardi
Anna Rosa
Antonio Lucci
Luigi Sonnefeld
Fabio Milana
Mina Lorena Navarro
scott crow
Umberto Franchi
Imanol Antonio García Verges
Luis Menéndez Bardamo
Elaine Santos
Arturo Escobar
Joan Martinezalier
Viviana Asara
Ines Duran Matute
Jill Rease
Alberto Bonnet
Sergio Uribe
Paola Rafanelli
Juan Miguel Ortiz Reparaz
Esther Patricia King Davalos
Francisco Javier Villanueva Vázquez
Daniele Fini
Giuseppe Lo Brutto
Cecilia Zeledón
Màrgara Millán
Luisa Riley
Raúl Ornelas
Daniel Inclán
Rita Laura Segato
Raffaele K. Salinari
Philippe Corcuff
Roberto Giovannini
Angela Micheli
Maurizio Pallante
Larisa de Orbe
Jorge Alonso Sánchez
Evelyn Fox Keller
Balam Pineda Puente
Dalia Morales
Juan Wahren
Mercedes Escamilla
Juan Carlos Mijangos Noh
[Divulgada em 11 de Outubro de 2019]
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