sexta-feira, junho 28, 2019

Mensagem Aberta a Exmo. Senhor Presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Fernando Medina

Exmo. Senhor Presidente da Câmara Municipal de Lisboa,

Serve a presente para manifestar a minha indignação para com a atitude de Vossa Excelência de enviar a comunicação de uma concentração pacífica a realizar no dia 26 de Junho frente ao Coliseu dos Recreios de Lisboa, convocada por uma organização legal, para a Embaixada de Israel e, numa tentativa de tapar o sol com a peneira, também para a Delegação da Palestina. Esta concentração pacífica tem por objectivo principal a distribuição de comunicados em que é feito um apelo ao cantor brasileiro Milton Nascimento, que ali vai fazer um concerto, para que não vá cantar a Israel, uma vez que esta é uma forma comummente utilizada pelos sionistas para branquearem não só o seu Estado de Apartheid, mas também os seus crimes perpetrados continuamente contra o Povo da Palestina desde há 72 anos a esta parte. 

72 anos sim, Senhor Presidente da CML, porque os crimes que visaram a expulsão dos Palestinianos da sua terra, da terra dos seus antepassados, onde sempre viveram em paz e lado a lado com judeus, cristãos, etc. ao longo de 1300 anos, tiveram início em 1947, muito antes da Proclamação do Estado de Israel e nada tiveram a ver com o Holocausto.

O que mais me indigna é que a comunicação de qualquer concentração / manifestação à Câmara Municipal de Lisboa é apenas um pró-forma e serve unicamente para a CML enviar a mesma ao Ministério da Administração Interna ou outra entidade pública com competência para destacar agentes de segurança interna para o local, a fim de regularem o trânsito e zelarem pela segurança das pessoas presentes. Aliás, a Constituição da República Portuguesa, a nossa Lei Fundamental pela qual me rejo, é bem clara nesta matéria no seu Artigo 45º – Direito de reunião e de manifestação – em cujo nº 1 estabelece: «Os cidadãos têm o direito de se reunir, pacificamente e sem armas, mesmo em lugares abertos ao público, sem necessidade de qualquer autorização.» e no nº 2 «A todos os cidadãos é reconhecido o direito de manifestação.».

A atitude de Vossa Excelência não desmerece de um qualquer acto de um agente da PIDE que prontamente comunicava a um seu superior a mínima suspeição que tivesse de um cidadão.

Estará a Embaixada de Israel acima da Câmara Municipal de Lisboa?

Acredito que sim, já que é a única Embaixada que conheço, cuja rua onde se situa (Rua António Enes, nº 16 – 4º) está vedada ao trânsito por uma barreira. Vá lá, pelo menos não é um Muro.
Talvez Vossa Excelência me possa explicar tal discriminação em relação a todas as outras Embaixadas que se situam em Lisboa. Ficar-lhe-ia muito grata se me pudesse facultar uma explicação cabal.

A atitude de Vossa Excelência envergonha-me e envergonha todos os portugueses que não olhem apenas para o seu umbigo e lutem por Liberdade e Justiça para com todos os povos oprimidos e/ou ocupados.

Tratando-se de uma Mensagem Aberta, reservo-me o direito de divulgar a presente pelos meios que considerar oportuno.

Atentamente,

Maria José Morais Isidro Aragonez
CC nº 02437963

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