sexta-feira, novembro 28, 2014

APEC 2014: as «novas rotas da seda»


Realizou-se em Pequim, nos passados dias 11 e 12 de Novembro, o encontro de chefes de governo dos países integrando a APEC – Asia-Pacific Economic Cooperation, uma associação de 21 Estados da bacia do Pacífico, desde a Ásia às Américas passando pela Oceânia. Os dados de 2012 dizem-nos que representa 50% da população, 60% do PIB e cerca de 50% do comércio mundiais.

Ao longo dos últimos anos tem-se vindo a assistir a uma crispação nas relações entre os Estados Unidos da América e a República Popular da China, explicada por alguns como o resultado da perda de hegemonia da economia-mundo por parte dos norte-americanos e onde a RPC aparece como a grande candidata a assumir o seu lugar. Exemplo recente desta tensão crescente foi a recusa de Washington em dar um maior peso representativo a Pequim no FMI, onde tem apenas 3,8% dos votos (quando a estagnada França tem 4,5%).

Na cimeira a China passou ao ataque apresentando um plano para a criação de uma Free Trade Area of Asia-Pacific (FTAAP), plano este que foi subscrito pelos restantes Estados-membros, subalternizando as pretensões que os EUA vinham alimentando de fazer vingar a sua proposta de Trans-Pacific Partnership, lançada em 2005 e ao qual aderiram 12 Estados da região, todos eles membros igualmente da APEC.

No seu discurso de encerramento, o presidente chinês Xi Jinping desafiou os seus homólogos a trabalhar em conjunto para a angariação de fundos para a construção de infra-estruturas transnacionais para uma melhor integração das economias e propôs outras iniciativas para reduzir a burocracia e promover os fluxos de capitais e de pessoas e alcançar a interligação regional em 2025.

E anunciou a criação do Asian Infrastructure Investment Bank, com sede em Pequim, para o qual disponibilizou 50.000 (cinquenta mil) milhões de dólares americanos.

A China anunciou ainda a disponibilização de uma verba de 40.000 (quarenta mil) milhões para começar a construir aquilo que o presidente Xi Jinping designou de as «novas rotas da seda» (Silk Road Economic Belt, 21th Century Maritime Silk Road), isto é uma complexa rede de fibra óptica, comboios de alta velocidade, pipelines em ligação com uma rede de portos de águas profundas, que Pequim está já a construir através da Ásia central, ligando a China à Rússia, ao Irão, à Turquia e ao oceano Índico e ramificando-se para a Europa, para Veneza, Roterdão, Duisburg e Berlim.

E você, já começou a aprender mandarim?

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