domingo, novembro 11, 2012

Dia 12, dia 14, dia 27 (e todos os dias de permeio)

Caros/as amigos/as,

Amanhã a Merkel vem a Portugal.

Porquê protestar?

Não nos coube a nós eleger a chanceler alemã. Ela é a representante do povo alemão. No entanto, as suas políticas e o seu discurso têm um enorme efeito sobre nós. A ela lhe cabe neste momento a decisão de apertar ou aliviar a situação em que vivemos. A ela cabe neste momento a decisão de dizer ao Primeiro Ministro que já chega ou que é preciso mais. Que era bom que decidisse aconselhá-lo com veemência a apertar com os banqueiros e grandes empresários, a aplicar-lhes a austeridade, em vez de o aconselhar a apertar connosco. Era humano. E responsável. E democrático que assim fosse. E fazia justiça ao povo alemão.

É importante aproveitar a vinda cá para fazer chegar essa mensagem. Não à Merkel. Mas ao eleitorado alemão que desconhece largamente o que em Portugal se passa. E só se aperceberá disso quando cá vier de férias. E, já não for a mesma coisa. Porque há pobres nas ruas, porque há assaltos nas praias.

Ao contrário do que muitos pensam, protestar faz sentido e pode ser feito de múltiplas formas. É um dever cívico de quem quer que alguma coisa mude. A insatisfação, mesmo sem solução à vista, anuncia o principio da mudança. Despoleta a acção e a melhoria das condições futuras. É a resposta natural de quem não se resigna mas pouco poder tem para alterar as circunstância dos país. Só protesta quem lhe doi e quer mudar.

Como protestar?

  • Falando e discutindo a vinda da Merkel nos locais de trabalho, escolas, e todos os outros locais. No fundo, sendo assumindo a nossa responsabilidades política enquanto cidadãos.
  • Enviando emails para o estrangeiro, explicando o que por aqui se passa.
  • Tratando bem os jornalistas alemães que cá vierem e explicando-lhes com calma e determinação que em Portugal a austeridade está a fazer regredir as condições de vida de quem já pouco tinha, mantendo razoavelmente intactas as condições de vida de quem sempre teve. Era importante que esta mensagem passasse lá.
  • Organizando uma pequena acção de sensibilização com uns amigos no sentido de informar as outras pessoas (distribuir panfletos, etc)
  • Ou participando em alguns eventos que já por aí andam. Em baixo estão alguns deles. Outros haverá. Eu prefiro os não violentos. Apenas por serem mais construtivos. Mas consigo entender bem o que leva outros a não concordarem comigo. Já esteve um milhão de pessoas na rua e ainda não nos ouviram nem respeitam. Continua tudo na mesma. Até mudar. :)

E já agora, não esquecer que
  • É a nós e aos nossos governantes que cabe mudar isto. Se temos um governo que não representa os nossos interesses de pouco adianta ajuda ou incentivo vindo de fora. Nada muda. Toda a gente sabe que este orçamento é péssimo e vai colocar o país na ruína. Toda a gente sabe o que "ruína" significa: quer dizer desemprego (nós ou alguém que conhecemos), quer dizer miséria (nas ruas), quer dizer violência e criminalidade, quer dizer (ainda mais) corrupção, quer dizer o fim do regular funcionamento dos serviços públicos (educação, saúde, justiça), quer dizer ainda menos democracia e, sobretudo, quer dizer que temos ainda menos ferramentas para resolvermos esta situação e recuperarmos um dia o nosso nível de vida.
  • Este orçamento tem de ser parado agora. Este orçamento não pode ser aprovado. Não serve. Refaçam-no de forma a tirarem aos ricos e pouparem os pobres. É aos pobres que os governos devem representar. Os ricos já vivem bem.
  • Discutam política, organizem-se para procurar soluções, façam greve, manifestem-se, indignem-se mas façam chegar aos políticos a mensagem severa de que serão despedidos e criminalizados se passarem este orçamento sabendo como sabem o que ele significa. Façam-no, senão pelos outros, por vocês, pelo vosso futuro. Emigrar pode ser necessário mas é importante perceber que não resolve nada. Emigrar é partir e deixar que o governo, banqueiros e grandes empresários fiquem a roubar e explorar os vossos amigos e familiares. É ir para fora mandar divisas para ajudar a família nos cuidados de saúde e na educação e na alimentação. Portugal já foi assim. E grande parte do mundo ainda o é. É por isso que chamam empreendedorismo à emigração. Porque a par das exportações é uma boa forma de fazer entrar no país algum dinheiro de fora. Se não nos representam, se não têm em conta os nossos interesses, não lhes podemos dar tamanho poder.

Dia 12, dia 14, dia 27 (e todos os dias de permeio) são urgentes para parar este orçamento!

Rumo ao Protesto

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