domingo, setembro 23, 2012

A propósito do Conselho de Estado de 21 de Setembro

I - Uma cidadã distribui uma folha A4 com um poema

«O Portugal Futuro

O portugal futuro é um país
aonde o puro pássaro é possível
e sobre o leito negro do asfalto da estrada
as profundas crianças desenharão a giz
esse peixe da infância que vem na enxurrada
e me parece que se chama sável
Mas desenhem elas o que desenharem
é essa a forma do meu país
e chamem elas o que lhe chamarem
portugal será e lá serei feliz
Poderá ser pequeno como este
ter a oeste o mar e a espanha a leste
tudo nele será novo desde os ramos à raiz
À sombra dos plátanos as crianças dançarão
e na avenida que houver à beira-mar
pode o tempo mudar será verão
Gostaria de ouvir as horas do relógio da matriz
mas isso era o passado e podia ser duro
edificar sobre ele o portugal futuro

Ruy Belo»

II - Um grupo de cidadãos, envergando um colete verde onde está escrito "Don't fuck my job", distribui um comunicado

«Trabalhadores portuários em luta
Pelo direito ao trabalho e contra a precariedade

Sou trabalhador portuário estou em luta pela defesa da minha actividade e do meu posto de trabalho.
E desejo transmitir a todos os que não estão inteirados do que se passa nos portos, o que este governo nos está a fazer.
À boleia do pacto com a troika, o governo do nosso país aprovou uma lei, que apelidou de acordo para o mercado de trabalho portuário, que limita e destrói o nosso acesso aos postos de trabalho, substituindo-nos por trabalhadores temporários sem qualificação profissional.
Com esta medida envia para o despedimento 50% dos actuais trabalhadores portuários e torna todo o trabalho portuário precário e inseguro.
Para o conseguir, ignorou e recusou dialogar com quem representa 80% dos trabalhadores, e assinou o acordo com quem representa uma minoria de 20%, que verdadeiramente só representam um porto - Leixões, e que mais não são que simples mandatários dos patrões.
Talvez não estejam a reconhecer o padrão, retiram-se direitos ao trabalhador para criar melhores condições aos patrões. O argumento é sempre o mesmo - criar mais condições à economia.
Meus amigos o precedente está criado, e a mesma "cartilha" que usaram como pretexto para a tsu, é agora aplicada individualmente a cada sector da nossa economia, numa atitude voraz, que nos irá consumir a todos.
Espero que estejam sensíveis à minha/nossa luta e que pensem nesta palavra de ordem que tentarei gritar vezes sem conta, até conseguir que alguém a oiça:
"HOJE SOU EU, AMANHÃ SERÁS TU!"»

III - Uma cidadã distribui um comunicado não assinado

«Já pensou que ainda há mais
quem sofra com a crise?

O que nos trouxeram as medidas de austeridade?
Menos rendimento
Menos saúde
Menos educação
Menos direitos fundamentais
Mas não somos só nós, mulheres, homens, crianças e idosos, que sofremos!
Estas medidas de austeridade também trouxeram:
Mais animais abandonados
Mais animais sem cuidados veterinários
Mais animais mal nutridos
Mais animais desrespeitados
Uma sociedade moderna não deixa para segundo plano os que chamou a si a sua protecção!
Ao mesmo tempo que exigimos para nós os nossos direitos fundamentais, exijamos também o mesmo para os que não têm qualquer voz ou protecção!
Todos somos importantes, todos contamos: humanos e não humanos.»

IV - Um cidadão distribui um panfleto não assinado

«É PRECISO ACABAR COM
ESTA POLÍTICA E ESTE GOVERNO
ANTES QUE ESTE GOVERNO
E ESTA POLÍTICA
ACABEM COM O PAÍS!

VAMOS LUTAR
PELO PRESENTE E
PELO FUTURO

Dia 29 de Set. 15H
Todos ao
Terreiro do Paço!»

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