segunda-feira, agosto 23, 2010

Ato em SP contra a Militarização na Colômbia

Entidades fazem ato em SP contra a Militarização na Colômbia
23 de agosto de 2010


Da Página do MST

O MST, ao lado de centrais sindicais, movimentos populares e entidades da classe trabalhadora fazem um ato em frente ao Consulado da Colômbia em São Paulo, na manhã desta segunda-feira, contra as perseguições, violência e assassinatos de membros de organizações sociais no país vizinho.

Participam também da manifestação a CUT, CTB, Marcha Mundial das Mulheres, UNE, Cebrapaz e Assembléia Popular, entre outras entidades.

As entidades brasileiras protocolaram uma carta, endereçada ao novo presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos. O documento denuncia que "os paramilitares atuam com total impunidade, amparados pela aberta omissão oficial e em conivência com os organismos de segurança do Estado".

Abaixo, leia a carta enviada a Juan Manuel Santos.

Senhor Presidente,

Mais uma vez, temos sidos informados a respeito das perseguições, violência e assassinatos que se exerce contra dirigentes e membros de organizações sociais, camponesas, estudantis e sindicais colombianas.

Segundo denúncias dessas entidades, os paramilitares atuam com total impunidade, amparados pela aberta omissão oficial e em conivência com os organismos de segurança do Estado.

Inumeráveis fatos foram denunciados pelos porta-vozes de organizações camponesas, indicando que, nos últimos anos, mais de 500 camponesas e camponeses foram assassinados e que cerca de 30 mil deles foram expulsos violentamente de suas terras.

Informes das organizações sindicais, indicam que nos últimos 23 anos foram assassinados 2.731 sindicalistas. A situação de impunidade continua grave. Há preocupações tanto com o débil trabalho de investigação penal quanto com o de julgamento. Com respeito ao julgamento, os assassinatos cometidos de Janeiro de 1986 a Junho de 2008, reportavam 95% de impunidade. Esta percentagem se manteve e em 30 de Setembro de 2009, era de 95,6%.

As violações ao direito à vida, à liberdade e à integridade dos membros do movimento sindical deixam um panorama desolador de 98,3% de impunidade. A esse respeito, a Comissão de Especialistas, em seu informe de Março de 2009, lamenta que "(...) o número de condenações continue a ser reduzido e que um grande número de investigações ainda esteja em etapa preliminar. Nestas condições, a Comissão pede ao Governo que continue tomando todas as medidas ao seu alcance, para levar adiante e agilizar todas as investigações relacionadas com os atos de violência contra o movimento sindical e expressa a firme esperança de que as medidas recentemente adotadas em relação à nomeação de novos fiscais e juízes permitam diminuir a situação de impunidade e alcançar o esclarecimento dos atos de violência cometidos contra os dirigentes sindicais e os afiliados, assim como a detenção dos responsáveis pelos mesmos."

Sabemos que essa situação é o resultado de mais de 50 anos de conflitos armados, nos quais já morreram mais de 40 mil pessoas. São décadas de cooperação militar com os Estados Unidos. Com o pretexto de auxiliar no combate ao narcotráfico, centenas de tropas militares estadunidenses desembarcam cotidianamente no país, aumentando a situação de violência a qual a população colombiana é submetida, e ocultando os interesses econômicos por trás do conflito na Colômbia: a manutenção do controle dos recursos naturais, do território e do povo, além de desestabilizar os processos políticos de mudança no continente. Querem transformar a Colômbia em um Israel da América latina

O impacto de toda essa violência atinge de forma diferente homens e mulheres. São as mulheres que sofrem na pele os efeitos da militarização da sociedade, tendo suas vidas e seus corpos transformados em moeda de troca e troféus de guerra. São elas que enfrentam cotidianamente a violência e arbitrariedade das tropas, milícias e agentes do Estado nas ruas e em suas casas, principalmente as que se levantam contra essas injustiças.

A América Latina é uma região de paz; suas diferenças internas devem ser resolvidas na base do diálogo entre seus membros. As tensões existentes na região são, em sua maioria, frutos de conflitos externos a ela. A presença de bases militares em nossa região representa uma grave ameaça à paz e à soberania dos países do continente.

Nós, organizações brasileiras enviamos nossos representantes para diversas atividades de apoio ao povo colombiano e estamos nas ruas de São Paulo e de várias partes do mundo em solidariedade às 2500 mulheres e homens que realizam neste dia 23 de Agosto, na Colômbia, uma ação contra a militarização e a presença de bases militares estrangeiras na América Latina.

Respaldamos as justas demandas das entidades colombianas e nos dirigimos ao seu governo para insistir que se busque reparar todas as violações à vida, à liberdade e à integridade de dirigentes e membros das organizações sociais colombiana.

À espera de uma resposta eficaz de sua parte, subscrevemos-nos.

São Paulo, 23 de Agosto de 2010.

Que se calem as armas para que falem as mulheres e os povos!
Mulheres livres! Povos soberanos!

Campanha América Latina de Paz – fora bases militares estrangeiras:
Marcha Mundial das Mulheres,
MST,
Cebrapaz,
Rebrip,
CUT,
MAB,
UNE,
Via Campesina Brasil,
Jubileu Sul Brasil,
Grito dos Excluídos,
Assembléia Popular,
UBES,
UBM,
UNEGRO,
UJS,
Conam,
CTB,
Rede Social de Justiça e Direitos Humanos,
Consulta Popular,
ANPG.

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Campaña América Latina una Región de Paz - Fuera Bases Militares Extranjeras.

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