segunda-feira, janeiro 11, 2010

Vidas Alternativas nº 202

Recomeça o VA deste ano que se inaugura ao fim de uma semana muito quente por causa da questão dos casamentos entre pessoas do mesmo sexo.

Depois de aprovada no Parlamento, a lei segue agora para o Presidente da República para assinatura mas, entretanto, notou-se uma total indiferença no público em geral e até junto de grande parte da comunidade gay depois da sua aprovação.

Em todo o caso não é demais dizer que se deu um grande avanço civilizacional, cultural e social com esta lei.

E é sintomático referir que a 1ª lei republicana aprovada no Parlamento este ano, do centenário das comemorações da implantação da República que agora se comemoram, seja justamente uma lei dos casamentos civis que alarga a sua abrangência a toda a sociedade.

Estão de parabéns todos os portugueses e neste momento Portugal é para os países lusófonos ou da CPLP um farol de esperança no campo dos Direitos Humanos. Por toda a Europa, e no Mundo, o que aqui aconteceu foi noticiado como um passo em frente na luta global pela Igualdade.

Estão também de parabéns todas as ONG, grupos, blogues, associações em geral, lgbt em especial, que tanto trabalharam para isto - apesar de tão divididas - e de igual modo estão de parabéns o Bloco de Esquerda, que corajosamente levantou esta bandeira dita fracturante entre nós, os Verdes que sempre apoiaram esta causa, o PCP que acabou por a assimilar e, enfim, o Partido Socialista que, graças ao voluntarismo do Primeiro Ministro José Sócrates, lhe deu credibilidade para poder deixar de ser fracturante.

Infelizmente nem todos perceberam isso, inclusivé muitos republicanos e laicos, pelo que constatamos que há ainda uma longa luta a travar depois desta mudança crucial.

Os fantasmas e as realidades homofóbicas que saíram à luz, por todo o país, mostram as dificuldades que muitos portugueses têm em lidar com a Diversidade, quer como valor ético quer como valor social, republicano, democrático, cultural e até gerador de riqueza económica.

O Governo, os Poderes Locais têm de se voltar para este aspecto redutor da nossa cultura para implementar a aceitação da Diversidade, não tanto como vector de tolerância mas como valor Democrático, de Cidadania e de Igualdade.

Passemos agora ao Vidas Alternativas.

Começa com a enfermeira Ana Campos Reis, da Santa Casa da Misericórdia, que nos alerta para a problemática do HIV sempre presente, e crescente, em Portugal.

Depois é a vez de falarmos com o militante de base da causa palestiniana, Raul Mesquita, que nos fala dos problemas quotidianos que os palestinianos enfrentam nos territórios ocupados.

Seguimos a conversar com Júlia (Coutinho) a propósito do seu blogue as Causas da Júlia e escolhemos duas, entre tantas: o mau trato dos animais e a recuperação da memória daqueles que anonimamente lutaram durante o fascismo pela implantaçao da Liberdade que agora usufruimos.

Fechamos o progrma com Renato Epifânio, da revista Nova Águia (agora no 6º número), uma revista cultural para o século XXI, defensora do projecto da lusofonia, uma ideia integrativa e cultural a abraçar por todos os falantes da língua portuguesa.

Esperemos que gostem deste Vidas Alternativas e a todos desejamos um bom ano 2010.

António Serzedelo - editor
www.vidasalternativas.eu

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