sexta-feira, dezembro 05, 2008

Professores: carta aberta aos dirigentes sindicais

Aos Dirigentes da FENPROF e da CGTP,

Caros/as Companheiros/as,

Estranho que não exista uma campanha sindical geral, esclarecedora da opinião pública, sobre as medidas destrutivas da Escola Pública universal e de qualidade, sobretudo junto dos/das trabalhadores/as de outros sectores, que não os docentes.

Com efeito, tenho notado que a média ao serviço dos grandes negócios e de um poder político cada vez mais autoritário e com tiques totalitários (desprezo pelas normas de um estado de direito, por exemplo), tem feito dos docentes e da sua luta um objecto de campanhas de intoxicação, que tendo claramente como centro o próprio governo e o partido que o apoia, são autênticos «pogroms mediáticos», com resultados muito preocupantes, quer para a defesa da escola pública, quer para a luta geral do povo, por melhores condições de vida e melhor capacidade de exercer os seus direitos.

Não tendo havido uma contra-campanha visível e suficientemente continuada e enérgica por parte do conjunto do movimento sindical e da CGTP em particular, a luta dos docentes é vista (erroneamente) como luta corporativista, apenas em benefício do próprios.

Porém, é demasiado importante o desfecho desta luta para toda a classe trabalhadora portuguesa, especialmente porque a derrota dos professores vai significar uma aceleração de medidas de privatização, mercantilização, falsa autonomia, ingerência permanente dos partidos (através, nomeadamente, das autarquias, mas não só) e portanto a transformação de uma escola pública ao serviço da população em geral, numa escola da qual os melhores profissionais querem fugir.

Ficará, caso neste braço-de-ferro o governo triunfe, uma «escola para os pobrezinhos», ainda por cima no momento em que uma severíssima crise económica está a causar um aumento do desemprego, uma diminuição dos meios de subsistência já parcos da maioria das famílias portuguesas, com óbvios reflexos nos seus filhos.

Venho – como sindicalizado e como trabalhador – apresentar o meu protesto pelo facto de não haver uma campanha de esclarecimento sobre a escola pública e de apoio às lutas corajosas dos docentes, por parte de órgãos da confederação (da CGTP), dos sindicatos e das federações, que não sejam os da educação, nomeadamente todos os sindicatos da Frente da Função Pública, que engloba sindicatos da administração pública e na qual se incluem os sindicatos docentes, a par de outros sindicatos.

Peço portanto para escreverem, dizerem, declararem e agirem com a maior brevidade em incondicional apoio à nossa luta. A voz da CGTP é importante e será ouvida, se vier denunciar que o povo trabalhador está a ser intoxicado por campanha de desinformação, para o colocar contra esta luta, que, no fundo, é tanto dele como dos professores.

Estou seguro que não faltarão, camaradas sindicalistas, ao dever de solidariedade para com os cento e cinquenta mil docentes em luta e dos três milhões de crianças e jovens que têm na escola pública portuguesa o único meio possível de escolarização.

Com as melhores saudações sindicais,

Manuel Banet M. Baptista (professor, sócio do SPGL/FENPROF)

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