quarta-feira, outubro 31, 2007

Caso Brasileira Ana Virginia: Neurologista Descarta Crime

Um Caso De Direitos Humanos em Portugal

Tribuna da Bahia, 31 de outubro de 2007
Neurologista descarta envenenamento


A administradora baiana Ana Virgínia Moraes Sardinha, 38 anos, teve prisão preventiva decretada em 5 de julho desse ano pela Justiça de Portugal, acusada de matar o próprio filho,

ministrando dose excessiva de medicamento. O garoto de 6 anos, Leonardo Brittes Sardinha, sofria de Epilepsia Benigna da Infância, diagnosticada em agosto de 2006, sendo medicado com oxcarbazepina (Trileptal), na dose de 600mg (10ml) de 12 em 12 horas (30 mg/kg/dia).

Segundo o neurologista baiano da Fundação de Neurologia e Neurocirurgia (FNN), Instituto do Cérebro, Antônio de Souza Andrade Filho, o medicamento anticonvulsivante é tradicionalmente

usado no tratamento de epilepsia e, no caso, esse paciente foi muito bem medicado, em dose correta, já que a oxcarbazepina é uma medicação com bom efeito no controle das crises.

No relatório médico emitido pela neuropediatra Nayara Argollo, Ana Virgínia teria relatado durante a consulta que "o menino havia acordado como se estivesse engasgado e logo depois

seguiu-se crise tônica-crônica, com cianose perilabial e relaxamento de esfíncter urinário".
Porém, para o neurologista Antônio Andrade, a suposição de morte decorrente de intoxicação pelo uso excessivo de medicação é uma possibilidade descartável, já que doses elevadas de oxcarbazepina podem provocar tonturas.

"A dose letal é muito alta e não há possibilidade de uma mãe dar uma dose para um menino desse entrar em coma. Acho que o espírito maternal de uma mulher é muito grande para ela tirar a vida de um filho, a não ser que ela sofresse de um problema mental.

Pela condução, de quem leva seu filho a um neurologista e usa a medicação, uma pessoa dessa está querendo o melhor para seu filho", avalia o médico.

Consta na petição pública assinada pela engenheira Ana Rosa Sardinha, irmã de Ana Virgínia, que no dia 5 de julho desse ano, Leonardo passou a apresentar quadro convulsivo sendo acudido pela mãe, que sozinha tentou prestar ao filho os primeiros socorros, sem sucesso.

A família afirma que ainda não teve acesso ao processo, que tramita sob sigilo de Justiça e ainda não foi divulgado pela polícia portuguesa o laudo oficial da causa mortis ou o atestado de óbito do garoto.

"A necropsia é fundamental desde que permite ser observado se o indivíduo teve lesões celebrais, o que é fundamental.

Também há a necessidade de fazer nesse paciente um estudo toxicológico, para medir a dosagem no sangue da oxcarbazepina, para ver se realmente houve intoxicação.

Isso é uma coisa fácil de ser identificada. A gente não pode especular, mas acho que uma mãe não poderia de jeito nenhum tirar a vida de um filho assim", afirma o neurologista Antônio Andrade.


A Epilepsia Benigna da Infância tem uma série de manifestações, como visuais, auditivas, comportamentais, inclusive pode se generalizar chegando a abalos crônicos, em que o paciente cai no chão e apresenta quadro dramático, conhecido pela população de um modo geral.

Normalmente um paciente portador de uma crise convulsiva usa medicação por um tempo de três a cinco anos, um tratamento clínico, que 80% das crises convulsivas são controladas nesse período, quando não há causas orgânicas.


Entre os fatores causadores de crises convulsivas estão: o uso irregular da medicação (o esquecimento de dosagens); uso de bebida alcoólica; baixas doses (muitas vezes o médico

receita adequadamente e o paciente acha que por não estar tendo crises pode suspender o remédio; a privação do sono); além do estresse.

Com o estresse há uma mobilização maior, levando muito mais o cérebro à excitabilidade e com isso, facilita a ocorrência de convulsões.

A primeira medida para socorrer um paciente em convulsão é ter tranqüilidade, diante do quadro, o que pode vir a solucionar até 50% das situações de risco, segundo o especialista Antônio Andrade.

Para o indivíduo epiléptico, o primeiro ponto é proteger a respiração (colocar um pano na boca para não ocorrer acidentes) e manter o paciente de lado para drenar a secreção, evitando que vá para o pulmão.

"Após uma crise convulsiva, o paciente deve procurar um médico, porque cada crise convulsiva é uma crise convulsiva, que pode ser fruto de um tumor, de um acidente vascular cerebral e uma série de dados", alerta o neurologista. (Por Livia Veiga)

2 comentários:

Luci Lacey disse...

Estaremos em blogagem coletiva no dia 5.11 para Ana Virginia.

Por favor, veja maiores informacoes no Hippos.

Grata

Anónimo disse...

thank yiu