terça-feira, março 07, 2006

A lição do ano

É importante que existam associações profissionais que balizem os direitos e deveres de quem trabalha. Mas às tantas cansa ouvir certos representantes que apenas parecem querer aproveitar tempos de antena. Até aqui, todos os anos ouviamos o calvário dos concursos para professores: uma correria em prazos curtos para depois serem colocados - os que o eram, pois também havia o drama dos milhares que ficavam de fora - a milhas de distância de casa, sem certeza de que no ano seguinte ficariam na mesma escola. Agora a contratação passa a ser por três anos, e lá vem o representante dizer que os licenciados deste ano vão ficar sem hipóteses de concorrer... Mas que hipóteses tinham eles, se todos os outros lhes estão à frente e já muitos desses ficavam de fora? É pelo prazer de concorrer e ver que não se conseguiu?

O problema do desemprego é generalizado: a diferença é que os outros profissionais não têm concursos nacionais e abertura de milhares de vagas todos os anos. Milhares que não chegam para as encomendas, justamente porque de certo modo são fictícias para os que entram pela primeira vez. Mas será que transformar estes dramas pessoais numa catarse de nível nacional resolve alguma coisa? Pelo que percebi, continuará a haver contratações ad-hoc para tapar buracos (faltas do pessoal contratado), as migalhas a que normalmente tem direito quem começa. E os que vão conseguindo contrato todos os anos não estariam melhor tendo que concorrer apenas de quatro em quatro anos? Sim, porque ambicionar um contrato para a vida era uma utopia da geração que de facto o atingiu e que, infelizmente, na maioria dos casos serve apenas para provar que tão pouco é esse o caminho para uma sociedade melhor: são bem mais aplicados os que não têm emprego garantido...
.
mpf

Sem comentários: