domingo, fevereiro 12, 2006

tv

Visitar a minha Avó implica uma experiência que estranho: ter ao lado uma tv ligada, independentemente de se estar a ler, a fazer as palavras-cruzadas do jornal, a conversar, a olhar pela janela ou para aquela fotografia em cima da mesa. Às tantas apercebo-me de que vai ter início um concurso. O apresentador começa por perguntar aos concorrentes “que presentes trouxeram”. Uma concorrente trouxe uma garrafa de aguardente feita pelo sogro: o apresentador pega nela, retira a rolha e, boçal, leva-a à boca. A seguir é-lhe oferecida uma garrafa de licor do Norte; mais uma vez o apresentador a leva a boca antes de acautelar o público de que está conforme. A assistência no estúdio delira a cada graça - e não parecem figurantes, riem-se a sério. Há ainda uma senhora de Estremoz que se manifesta indignada por ter pedido transporte ao presidente da Câmara e este ter recusado. A concorrente do lado teve mais sorte, e oferece uns galhardetes da autarquia e um prato-relógio com o emblema de um clube de futebol. O apresentador não recebeu estes presentes com o mesmo agrado com que recebeu os anteriores, e rapidamente os despacha a uma assistente meia despida que sorri, sorri sempre. Quando deixei a Avó, o apresentador estava com um saco de plástico, provavelmente o das prendas - a minha confusão mental fez-me perder o fio à meada… - enfiado na cabeça.

mpf

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