terça-feira, setembro 27, 2005

A propósito da censura chinesa na net

Em Abril de 2004, Shi Tao, um jornalista do Dangdai Shang Bao (Noticias Económicas Contemporâneas), assistiu a uma reunião do conselho editorial no qual foi lida uma comunicação do Comité Central chinês sobre os riscos de instabilidade social e a possibilidade de alguns dissidentes regressarem à China para celebrarem o 15º aniversário do massacre de Tiananmen (4 de Junho de 1989; já agora lembro aqui esta desgraça). Nesse mesmo dia, Shi enviou um email para um contacto nos Estados Unidos, relatando o ouvido; o dito contacto colocou a informação online num site duma organização pela defesa da democracia. Este email foi enviado usando uma conta anónima da Yahoo.

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Em Abril deste ano o jornalista foi condenado a 10 anos de cadeia por ter divulgado segredos de Estado para o estrangeiro: a sua prisão só foi possível poque a Yahoo colaborou com as autoridades chinesas, informando-os sobre a origem da mensagem. Segundo os Repórteres sem fronteiras, há mais de 60 jornalistas presos na China por violarem as leis chinesas de censura na internet. Estas leis fazem com que, por exemplo, ao aceder na China a sites como a Amnistia Internacional ou Direitos Humanos na China se vá dar a uma página em branco com a mensagem “o site não foi encontrado”. Nada parece contudo parar o extraordinário crescimento do ciber-espaço chinês: de 620.000 utilizadores em 1997, hoje eles são já mais de 100 milhões, superando o número de membros do partido comunista (69 milhões)! Para além de bloquear milhares de sites, as autoridades chinesas filtram palavras-chave, espiam o correio electrónico e os cibercafés. Note-se que muito deste software de censura é desenvolvido por empresas ocidentais como Cisco, Nortel ou Sun Microsystems...

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