sexta-feira, agosto 26, 2005

Centro Cultural de Belém

Diz o JN que a programação do CCB para o próximo ano está em risco. Eu vim dar a esta notícia depois de ter acabado de receber a programação do CCB por correio. Quando vi o programa a minha primeira reacção foi positiva, já que antes o dito me chegava decorrido que estava metade do tempo a que o mesmo dizia respeito... Por três vezes escrevi para o CCB dizendo que assim não valia a pena: ou tentavam enviar o programa por correio com um mínimo de antecedência, ou anunciavam que não podiam oferecer este serviço; assim, parecia-me um desperdício de recursos. Nunca obtive qualquer resposta – nem sequer um “estamos a pensar no assunto” - o que me parece inacreditável. Mas enfim.

Desta vez chegava-me (hoje) um programa para um mês (Setembro) que ainda não tinha começado: Aleluia! Depois vi que afinal... eram dois meses, Setembro e Outubro. Humm... aí já me pareceu muita fruta... Abri a brochura, e encontrei este programa (para dois meses!) ridículo - parece-me bem que se confundem iniciativas ao alcance de associações recreativas, com diversidade artística dum centro cultural nacional:

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O CCB representou um investimento nacional enorme, centralizando ainda hoje uma boa proporção do investimento estatal em cultura (claro, esta “cultura” tem necessariamente que incluir os salários dos funcionários duma estrutura que já se terá tornado pesada...). Mas qualquer coisa estaria mal. Procurei o CCB online e cliquei em Espectáculos: até ao final do ano (quatro meses!) estão anunciados quatro (4!!) espectáculos à noite (>20h). Pensei que me teria engando mais uma vez e fiz uma busca para Programação. Com esta última só se obtém a Programação para Agosto, que diz apenas “BOXMÚSICA Projecto para 2005 António Pinho Vargas, consultor - 1 de Janeiro a 31 de Dezembro. Fiquei portanto na mesma.

Fiz ainda uma busca com Programa, e fui dar a uma salganhada de espectáculos, com datas de 2003, 2006... Que é isto?! Se clicarem em espectáculos, poderão ver anunciados espectáculos até final deste ano. Meia dúzia! Pergunto: quanto custou/custa este desorganizadíssimo site?

Bom, enquanto há vida, há esperança... fiz uma busca para orçamento: fui dar a uma rúbrica... sobre a Discussão do Orçamento de Estado! Uma vez que o CCB foi afecto a uma fundação, presumo que o respectivo orçamento esteja no segredo dos deuses. Mas ainda tentei uma busca num motor generalista... e aleluia!, uma saída para orçamento do CCB! Foi porém sol de pouca dura, tratava-se apenas do orçamento do Centro de Ciências Biológicas da Univ brasileira de Santa Catarina! Brasil, sim, porque do lado de cá do Atlântico estas coisas ainda andam arredados dos olhos do cidadão.

Bem, se calhar este pessoal é meio artista e não entende a importância da divulgação online (compare-se o site da Festa da Música de Nantes, site que eles também podiam ter copiado...), pelo que fui ler o Editorial do programa em papel que me chegou pelo correio. Que não está assinado (huh... ninguém quer assumir...), mas que anuncia como novidade do mês do grande CCB, O mercadinho do equinócio. Esta linda iniciativa parece ser uma versão feira da ladra chique (em espaço de excelência, como hoje se diz) para os meninos que teriam vergonha de se expôr na verdadeira e only one Feira da Ladra...

Sempre que confrontados (o que nem acontece muito, pois raros jornalistas fazem perguntas difícies) com ineficiência, os administradores do CCB exibem o sucesso da Festa da Música (ciclo de música clássica a preços acessíveis, 6ª edição). Mas neste caso estamos perante uma programação comprada – como os concursos das tvs – portanto sem grande mérito do CCB. Aliás, quando Viseu pretendeu estender o sucesso da Festa da Música ao norte do País (sem qualquer custo adicional para o CCB!), o CCB fez saber que o único responsável pela Festa da Música de Lisboa era René Martin (autor da ideia e responsável pelo Festival-mãe que ocorre todos os anos em França), portanto alguém exterior à Instituição. Que fazem, então, todos os directores e administradores e conselheiros do CCB? O Teatro do Viriato entretanto assumui o contacto directo com René Martin e já tem assegurada a Festa da Música para 2006. Sem interferência daquele que, quando dá jeito, é dito pólo nacional difusor de cultura...
E diz o JN que a programação do próximo ano está em risco?... Não faz mal, não se perde grande coisa, pode ser que os meninos percam a vergonha e montem bancada na Feira da Ladra.

mpf

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