“As cidades e a questão de género”.
Lisboa e o feminino.
Normalmente as cidades são pensadas no masculino. Para os homens. “Para nós”. Partia-se do principio que as cidades tinham que estar preparadas para receber os homens que faziam o trabalho remunerado e ocupavam o espaço público.
Às mulheres era reservada a casa, o doméstico, e a função reprodutiva. Enfim tudo estava organizado para o pleno e bom desempenho dos papeis tradicionais.
A realidade actual mudou, e o papel das mulheres na sociedade e no âmbito da cidade está muito diversificado.
Esta diversificação de papeis, estas contradições mostram que os homens e mulheres na cidade já têm necessidades diferentes, que devem ser tomadas em conta quanto à planificação urbana e quanto ao ambiente circundante.
O exemplo mais gritante tem a ver com a segurança dos espaços onde as mulheres circulam. Alguns são claramente encorajadores de situações de violência contra as mulheres, e não lhes oferecem qualquer segurança. Elas sabem que nas cidades são as maiores vitimas de violência. Noutros casos os espaços urbanos, devido às múltiplas actividades que elas desenvolvem, estão de facto mais preparados para lhes restringir a liberdade de movimentos do que a mobilidade, limitando-as no usufruto de bens e serviços sociais, o que lhes limita a sua participação na vida pública.
A cidade de Lisboa também tem que começar a ser pensada para que às mulheres que nela circulam sejam dadas igualdade de oportunidades. As mulheres de Lisboa desempenham diferentes papeis no nosso espaço urbano. Para alem do trabalho no emprego, têm de cuidar da família, muitas vezes dependentes ou de familiares com deficiência.
Há que pensar nestas diferentes situações quando se pensa na organização dos transportes públicos, nos horários comerciais, na iluminação de espaços, nos tempos/locais lúdicos ou de lazer, nas barreiras que se criam.
Enfim há que levar a todo o lado as politicas de “mainstreaming” relativas às questões de género nas planificação das cidades, dos tempos e nas estratégias de carácter transversal.
A cidade de Barcelona está a levar a cabo estas politicas, tendo desenvolvido um decreto que melhora as áreas urbanas sem que se exclua ninguém.
António Serzedelo
Opus Gay
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