sexta-feira, abril 15, 2005

Os impostos comandam a vida

Há muito que andava a congeminar sobre isto, mas só ontem se me fez luz: agora tenho uma teoria com pés e cabeça. Falta prová-la, mas lá chegarei. É sobre a origem (histórica) dos montados, aquele aproveitamento agro-silvo-pastoril que domina o Alentejo. Sendo a combinação "chave" dos montados a criação extensiva de porcos sob um coberto de sobro ou azinho, e proibindo a fé muçulmana o consumo de carne de porco, foi um passo fácil decretar que os montados só teriam surgido depois da abalada dos árabes, lá para os séculos XVI, XVII.

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Ora os primeiros muçulmanos que se instalaram na Península vieram conquistar território: eles achavam-se um povo eleito, e nem concebiam bem que outros povos pudessem ter acesso à Verdade, portanto nem de longe, nem de perto, andavam numa de evangelização. Mas como se consideravam uma elite, vai de achar que os infiéis deveriam pagar imposto! Como é óbvio, isto motivou uma onda de conversões... Mas tenho para mim que o factor principal seria a fuga aos impostos, e não de facto uma questão de fé.


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Bom, uma vez convertidos, para além de adoptarem um nome árabe e serem adoptados por um clã árabe os novos muçulmanos ficavam, claro, obrigados a cumprir os preceitos islâmicos. Entre os quais: não comer carne de porco.

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Estão a imaginar um alentejano a deixar de comer carne de porco? Não pode ser.

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Mas há um pormenor a ter em consideração: os muçulmanos não podem comer carne de porco, mas podem comer carne de javali, "o porco selvagem", "o porco dos montes", sendo que "montes" era tudo o que ficava fora das vilas e aldeias. E cá está a minha teoria: os alentejanos inventaram o porco de montanheira justamente para dar a volta à questão, para poderem continuar a comer carne de porco sem pagar imposto nem serem excomungados. Por esta ordem de ideias, os montados não são mais que um sub-produto da arabização da Península.

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mpf

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