Quando era mais novo, havia lá por casa uma revista escrita à máquina chamada "Padres Y Maestros". Na minha tenra cabeça infantil, aquilo fazia-me uma grande confusão, já que dificilmente a intersecção entre a Igreja Católica e o diminuto grupo dos detentores da batuta mágica (capaz de comandar dezenas e dezenas de músicos em perfeita harmonia) daria matéria suficiente para fazer uma revista mensal (se ainda fosse "Padres ou Maestros", talvez a coisa fosse mais credível).
Por isso esta revista ficou gravada no meu imaginário surreal durante anos a fio, imaginando versões evoluídas do Frei Hemano da Câmara (que nunca foi maestro e nem sequer era padre) ou do contemporânio Padre Borga (que de certeza que gostava de um dia vir a ser maestro), especulando que nos tempos de antanho, quando o saber estava na mão da Igreja, até deve ter havido uns quantos padres que também deram maestros razoáveis. Mas nos dias de hoje, este curioso grupo de pessoas tinha uma revista, o que para mim seria o mesmo que existir uma revista sobre "Cirugiões e Queijeiros".
Mas o meu maior assombro era perceber porque é que alguém lá em casa se interessava por aquela revista. É que nenhum membro do núcleo familiar era padre e muito menos maestro. Essa foi também a razão para o começo das suspeitas: por isso, ao folhear a revista e já compreendendo a mecânica da leitura, descobri que a coisa queria dizer "Pais e Professores". E ainda dizem que é fácil de perceber Espanhol...
Lembrei-me disto a propósito do Blog Pais & Filhos e dos seus excelentes posts sobre o Padre Serras Pereira (Pais & Filhos + Padre = Padres y Maestros, na minha mente tortuosa).
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