quarta-feira, março 02, 2005

Morre o fundador da Amnistia Internacional



Peter Benenson, o fundador da Amnistia Internacional, faleceu em 25 de fevereiro, aos 83 anos. Este advogado, que fundou a Amnistia Internacional em 1961, começou tudo ao ler um jornal no metro de Londres sobre dois estudantes portugueses que foram condenados a sete anos de prisão por levantar seus copos para brindar pela liberdade. Ficou indignado e pensou no que se poderia fazer para mobilizar efectivamente a opinião mundial. Era necessário pensar num grupo mais numeroso de pessoas que aproveitasse o entusiasmo do povo de todo o mundo que ansiava por um maior respeito pelos direitos humanos. Em poucos meses lançou o seu “Chamamento em favor da amnistia” com um artigo que foi publicado na primeira página do jornal periódico The Observer.

Nunca se tinha tentado fazer algo semenhante a grande escala. A resposta foi avassaladora, como se o mundo estivesse à espera de um sinal. Os jornais de mais de uma dezena de países publicaram o chamamento. Durante os primeiros seis meses chegou uma avalanche de mais de um milhão de cartas. E as sacas de correios dos chefes de Estado do mundo mudaram para sempre.

A ideia de Benenson era tão simples, que o advogado rejeitou a publicidade em torno da sua pessoa durante toda a sua vida. Qualificada por um de seus críticos como “uma das maiores loucuras de nosso tempo”, criou-se uma rede de escritores de cartas destinada a bombardear os governos com chamamentos individuais em favor de presos encarcerados e maltratados em violação da Declaração Universal de Direitos Humanos.
Numa época de engrandecimento pessoal, a modéstia de Peter Benenson era quase difícil de compreender. Nunca saltou para o primeiro plano para receber os numerosos elogios e galanteios que fizeram sobre a Amnistia Internacional, conhecida universalmente pelo seu logotipo de uma vela rodeada de arame farpado. Ele tinha sempre a atenção centrada no que ainda não se havia podido conseguir e nas inúmeras vítimas que ainda havia por resgatar. “A vela não arde por nós – declarou -, mas por todos aqueles que não conseguimos tirar da prisão, que foram abatidos a caminho da prisão, que foram torturados, que foram sequestrados ou vítimas de ‘desaparecimentos’. Para isso existe a vela.”

Fonte: Adital

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