Na avaliação do economista Roberto Piscitelli, da Universidade de Brasília, a taxação de transações financeiras internacionais como forma de reunir recursos para o combate à fome no mundo, defendida há dois dias nas Nações Unidas pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, demonstra a “necessidade crescente” dos países ricos serem mais solidários com as nações em desenvolvimento.
O economista defende, porém, que a proposta ganhe regras claras, como a criação de um mecanismo de controle sobre o dinheiro arrecadado nas transações. “Requer quase um consenso entre os países para criar de uma forma viável, administrável, a cobrança dessa taxa. Há uma série de dificuldades no sentido de estabelecer um mecanismo de controle, de coerção, que permita cobrança e a sua canalização para uma espécie de fundo”, ressaltou.
Piscitelli defende a participação direta das Nações Unidas na administração da taxa. Segundo ele, também existe a necessidade de que um organismo – a própria ONU – atuasse de forma a identificar as transações sujeitas à taxação. “Muitas vezes são instâncias internas em vários países, daí a dificuldade de se chegar a um consenso, por exemplo, para identificar o tipo de transação que estaria sujeita a essa taxação", afirmou.
Para o economista César Mattos, consultor legislativo da Câmara dos Deputados, a proposta apresentada na ONU é interessante e permite mudanças na atual engenharia financeira internacional. Ele defende que a taxação direcione os países que forem receber o benefício. “Existe uma grande consciência internacional, várias estatísticas mostrando que os organismos financeiros multilaterais estão muito preocupados com a eficiência dos gastos, ou seja, eles só vão emprestar para países que estejam implementando uma agenda de reformas para desenvolvimento”, ressaltou.
Na opinião de César Mattos, o governo brasileiro vem implementado reformas e ações que vão ao encontro do mecanismo de taxação internacional. “Não são nada diferentes das agendas que são priorizadas pelo Ministério da Fazenda, pela Secretaria de Política Económica”, defendeu.
Tirado daqui
Sem comentários:
Enviar um comentário