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Para cumprir o objectivo fixado na Cimeira do Milénio, em 2000 - reduzir a pobreza a metade em 2015 -, a ONU precisa de 50 mil milhões de dólares. Uma gota de água na riqueza mundial, disse Lula. Toda a diferença na pobreza do mundo.
Mas a cimeira de Lula apenas conseguiu produzir uma reedição da velha "taxa Tobin", ou seja, a criação de um "imposto mundial" sobre as transacções financeiras que os seus promotores admitem que se possa alargar ao comércio de armas ou aos transportes aéreos e marítimos. Os EUA opõem-se. A União Europeia declara-se céptica em relação a uma velha ideia que nunca resultou. Chirac aplaude.
Deveria talvez ter prestado atenção às seguintes palavras de Lula: "Uma gota de água - menos de dois meses de despesas com as subvenções agrícolas [da UE e dos EUA], menos de três meses de despesas militares".
Poderá o combate à fome desligar-se da segurança mundial, da democracia e dos direitos humanos? Poderá um "imposto mundial" ser mais do que um paliativo? Nestas alturas é sempre bom voltar a Amartya Sen. A pobreza pode e deve combater-se com a ajuda internacional, é certo, mas isso não chega. A pobreza combate-se dando direitos aos indivíduos.
Ou seja, é possível combater a pobreza em países governados por ditaduras corruptas? Não. É possível combater a pobreza com o proteccionismo agrícola da UE e dos EUA? Não. É possível combater a pobreza sem segurança na vida dos indivíduos? Não. E como se faz progredir os direitos dos indivíduos? Pela democracia e pelo bom governo.
Teresa de Sousa (Público)
O que é importante é que sabemos hoje o que se deve fazer para inverter o processo de desigualdade gritante entre países do 1º e do 3º mundo. Fica às consciências dos líderes mundiais as centenas de milhões de pobres, os milhões de mortos por falta de alimento, e toda a miséria que pode ser resumida num número: 0,4% é o peso no comércio mundial dos 50 países mais pobres do Mundo. Para quando o fim da dívida a estes países? para quando o fim da exploração? para quando o fim do proteccionismo agrícola? porque este estado anormal de distribuição da riqueza só é mantido através de um forte controlo exercido pelos poderosos, os mesmos que dizem acreditar no liberalismo e nas livres transações e nas regras iguais para todos; mas definitivamente, são todos iguais, mas ele há uns mais iguais que outros....
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